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Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

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Marta <strong>de</strong> Oliveira60O crítico social que em Manuel Rui se manifesta e que tanta importânciatem na génese <strong>da</strong> sua personali<strong>da</strong><strong>de</strong> irónica não limita a sua<strong>obra</strong> a uma transposição do real (aliás isso, segundo o próprio (151) , nãoseria literatura), mas antes uma atenta reflexão crítica e simbólicasobre o mesmo.A escrita <strong>de</strong> Manuel Rui consi<strong>de</strong>ra novas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s culturais distintasque possibilitam uma nova visão <strong>de</strong> Angola. Tem como ponto <strong>de</strong> referênciaum cenário urbano, palco <strong>de</strong> acções, mu<strong>da</strong>nças e atitu<strong>de</strong>s.É iniludível que Manuel Rui nos pren<strong>de</strong> num olhar <strong>de</strong>nso, reflexivoe pon<strong>de</strong>rante sobre o mundo e aquilo que lhe é intrínseco, <strong>de</strong>sta forma,retrata a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, do seu país e <strong>da</strong> sua nação.É certo que “to<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> é já uma “<strong>leitura</strong>” <strong>de</strong>la, por mais elementarque seja, é já a afirmação <strong>de</strong> uma “subjectiva” escolha a<strong>de</strong>ntro<strong>da</strong>s propostas que se con<strong>de</strong>nsaram em “objectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>” na <strong>leitura</strong> dos quenos prece<strong>de</strong>ram” (Ferreira:1977:10) (152) .O que se escon<strong>de</strong> em ca<strong>da</strong> lugar <strong>de</strong>scrito e ca<strong>da</strong> personagem <strong>de</strong>sven<strong>da</strong><strong>da</strong>é uma parte <strong>de</strong> uma sabedoria estrategicamente estrutura<strong>da</strong> e emdoses sabiamente calcula<strong>da</strong>s.Por <strong>de</strong>trás <strong>da</strong>s personagens, dos lugares, <strong>da</strong>s gentes e dos acontecimentosrevelam-se comportamentos, modos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, i<strong>de</strong>ias sobre omundo, o homem e as coisas, valores que se insinuam e sobre os quais apena crítica inci<strong>de</strong> e nos leva a reflectir.Transpõe um universo on<strong>de</strong> se movem personagens representativas<strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em mutação e on<strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>nciam encontros e<strong>de</strong>sencontros.As personagens-tipo, as analogias simbólicas, as concepções retrata<strong>da</strong>s,as sátiras e o esforço pela concisão, pelo lance único e insubstituível,permitem que como leitores apren<strong>da</strong>mos o mais íntimo pensamentodo autor.O enunciado orienta-se numa perspectiva analista e crítica, relativamenteà política, aos valores, ao egoísmo, ao individualismo, à corrupção(...) <strong>de</strong> uma classe social – a burguesia.151Op. cit. Entrevista em anexo, p. 164.152Ferreira, Manuel, Literaturas africanas <strong>de</strong> expressão portuguesa, Vol. II, Ven<strong>da</strong> Nova / Amadora,Biblioteca Leve, 1977.E-book CEAUP 2007

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