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Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

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<strong>Na</strong>(<strong>rra</strong>)ção satírica e humorística: uma <strong>leitura</strong> <strong>da</strong> <strong>obra</strong> na<strong>rra</strong>tiva <strong>de</strong> Manuel Rui<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Minha Alma (33) , ou ain<strong>da</strong> em 1950, com a Mensagem. Tal nãonos parece significativo para o nosso estudo. Surge, porém, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> constatarmos, neste momento do nosso trabalho, o evoluir <strong>da</strong>literatura angolana, a fim <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>rmos aquele que é o mar actual <strong>de</strong>um historial autónomo, vivo, crítico e dinâmico.Neste contexto, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mencionar o papel exercidopelos jornais (34) e revistas, nomea<strong>da</strong>mente pela sua contribuição para o<strong>de</strong>senvolvimento intelectual <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e criação <strong>de</strong> uma literaturaprópria. Joaquim Dias Cor<strong>de</strong>iro <strong>da</strong> Matta foi, com efeito, um dos nomesmais sonantes.A literatura angolana construiu-se, progressivamente, sob o signo doanseio <strong>de</strong> libertação, do qual o processo <strong>de</strong> consciencialização literáriafoi voz imperante, naturalmente que este processo se foi intensificando,a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 40, com a Geração <strong>da</strong> Mensagem (35) , e, posteriormente,com a Geração <strong>da</strong> Cultura (36) . Influenciados pelo mo<strong>de</strong>rnism<strong>obra</strong>sileiro (37) , pelo movimento <strong>da</strong> “Clari<strong>da</strong><strong>de</strong>” em Cabo Ver<strong>de</strong> e pela33Escrito por José <strong>da</strong> Aguiar e Silva Maia Ferreira, mestiço luan<strong>de</strong>nse.34Através <strong>da</strong> criação do Boletim Oficial, em 1845, foram difundi<strong>da</strong>s as primeiras criações <strong>de</strong> europeusradicados e intelectuais negros. A este seguiu-se uma série <strong>de</strong> Semanários, embora <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> efémera,A Civilização <strong>da</strong> África Portuguesa (1866); O Comércio <strong>de</strong> Luan<strong>da</strong> (1867); o Mercantil (1870); O Cruzeirodo Sul (1873); Jornal <strong>de</strong> Luan<strong>da</strong> (1878). Retenha-se ain<strong>da</strong> a <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 1881 como aquela que dá conta doaparecimento do primeiro jornal <strong>de</strong> africanos, O Echo <strong>de</strong> Angola, outros seguem o exemplo, escritos tantoem quimbundo como em português: O Futuro <strong>de</strong> Angola (1882), O Farol do Povo (1883), Serão (1986) OArauto Africano (1889), etc. Em 1902, sob a direcção <strong>de</strong> Paixão Franco seria publicado o primeiro dosapenas dois números <strong>de</strong> Luz e Crença – colectânea <strong>de</strong> ensaios literários; em 1907 surge o Angolense. Cf.Oliveira, Mário António Fernan<strong>de</strong>s, A Formação <strong>da</strong> Literatura Angolana (1851-1950), Lisboa, Imprensa<strong>Na</strong>cional Casa <strong>da</strong> Moe<strong>da</strong>, 1997.Como revistas <strong>de</strong>stacamos A Ilustração <strong>de</strong> Angola; Angola; Costa Negra (apesar <strong>da</strong> sua curta existência<strong>de</strong> três meses, foi a primeira <strong>de</strong> cariz assumi<strong>da</strong>mente neo-realista que se publicou em Angola); Culturae Mensagem. Cf. Soares, Francisco, Notícia <strong>da</strong> Literatura angolana, Lisboa, Imprensa <strong>Na</strong>cional Casa <strong>da</strong>Moe<strong>da</strong>, 2001.Segundo Nenhone (2002) “estamos aqui em presença <strong>de</strong> um jornalismo que revela já uma profun<strong>da</strong>preocupação com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social do país e as injustiças cometi<strong>da</strong>s pelos colonialistas. É nessa alturae nesses órgãos <strong>de</strong> imprensa que são publicados os primeiros trabalhos sobre questões etnográficas, linguísticas,antropológicas e históricas”. Nehone, Ro<strong>de</strong>rick, “Literatura e po<strong>de</strong>r político”, in http://www.uea-angola.org, 2002. Acesso em Março <strong>de</strong> 2006.35Soares (2000:186) argumenta que “a influência do regionalismo nor<strong>de</strong>stino, a par <strong>da</strong> influência doneo-realismo português, <strong>de</strong>terminam bem mais do que a negritu<strong>de</strong>, a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural <strong>da</strong> Mensagem”.36As revistas Mensagem e Cultura, bem como o boletim Mensagem <strong>da</strong> CEI (Casa <strong>de</strong> Estu<strong>da</strong>ntes do Império),revelaram poetas e contistas, <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> um programa cultural e literário em prol do nacional.37Mário António F. Oliveira (1979) refere-se às influências <strong>da</strong> “Literatura Brasileira sobre as LiteraturasPortuguesas do Atlântico Tropical”. Oliveira, Mário António, Reler África, Coimbra, Instituto <strong>de</strong>Antropologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, 1979, pp. 233-291.352007 E-BOOK CEAUP

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