Marta <strong>de</strong> OliveiraCONCLUSÃO“Where do you draw the line between languages?Between cultures? Between disciplines? Between peoples?”Homi Bhabha“A literatura, que é a arte casa<strong>da</strong> com o pensamento ea realização <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, parece-me ser o fim para que<strong>de</strong>veria ten<strong>de</strong>r todo o esforço humano (...) dizer umacoisa é conservar-lhe a virtu<strong>de</strong>(...)os campos são maisver<strong>de</strong>s no dizer do que no seu verdor. As flores, se forem<strong>de</strong>scritas com frases que as <strong>de</strong>finam no ar <strong>da</strong> imaginação,terão cores <strong>de</strong> uma permanência que a vi<strong>da</strong> celular nãopermite.(...)Mover-se é viver, dizer-se é sobreviver.(...) Oromancista é todos nós”.Fernando Pessoa150Chegados a este ponto, surge a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma reflexão sobreo que foi dito, averiguando, <strong>de</strong>sta forma, se a nossa viagem atracou embom porto. Certos <strong>de</strong> que escrever um estudo sobre um autor angolano éuma navegação em mar cauteloso, tão arriscado como sedutor.Lança<strong>da</strong> a âncora e inicia<strong>da</strong> a viagem, cabe agora um olhar retrospectivo,para a nossa incursão, temos, pois, a tarefa <strong>de</strong> sintetizar e analisaras opções efectua<strong>da</strong>s, a linha argumentativa segui<strong>da</strong>, os <strong>da</strong>dos recolhidos,assim como a consecução dos objectivos enunciados à parti<strong>da</strong>.Ora, aquém do romance, e <strong>de</strong> certo modo do na<strong>rra</strong>r, a <strong>obra</strong> <strong>de</strong> ManuelRui manifesta objectiva e subjectivamente uma relação difícil entreos dois elementos <strong>da</strong>quele tropo com que Bhabha (1990) inaugurou adisciplina dos estudos pós-coloniais: nação e na<strong>rra</strong>ção. Daí que nos pareçater sido uma escolha a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para o título do nosso estudo.E-book CEAUP 2007
<strong>Na</strong>(<strong>rra</strong>)ção satírica e humorística: uma <strong>leitura</strong> <strong>da</strong> <strong>obra</strong> na<strong>rra</strong>tiva <strong>de</strong> Manuel RuiFoi nosso principal objectivo traçar notas <strong>de</strong> <strong>leitura</strong> <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s<strong>obra</strong>s, numa análise do romance <strong>de</strong> costumes, em que a sátira e o humorse impõem como cenário <strong>de</strong> reflexão – o título do nosso estudo patenteou,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, o horizonte: uma na<strong>rra</strong>ção humorística e satírica <strong>de</strong>uma nação. Desta forma, a própria acção, tal como se preten<strong>de</strong>u <strong>de</strong>monstrar,obe<strong>de</strong>ce à compulsão <strong>de</strong> na<strong>rra</strong>r, isto é, <strong>de</strong> produzir a nação.Partimos <strong>da</strong> teoria que condiciona o fenómeno <strong>da</strong> <strong>leitura</strong>/escrita àscontingências históricas, constituindo-se o romance, não só, mas também,como instância <strong>de</strong> mimesis dos atavismos do histórico, do homemnuma <strong>da</strong><strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (314) .Os enunciados na<strong>rra</strong>tivos e a ironia, por eles produzi<strong>da</strong>, fun<strong>da</strong>m--se no conjunto <strong>de</strong> valores (morais, estéticos e i<strong>de</strong>ológicos) que regem asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> se confrontam e se harmonizam normas hierárquicas eaxiologias diversas.Assim, a análise <strong>da</strong> nação angolana e a abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> uma na<strong>rra</strong>çãosatírica e humorística impuseram-se como propósitos exigentes, masigualmente fascinantes.Restringimos a nossa análise a três <strong>obra</strong>s principais: Quem me <strong>de</strong>raser on<strong>da</strong>; Crónica <strong>de</strong> Um Mujimbo; 1 Morto & Os Vivos – “De Um Comba”.Certos <strong>de</strong> que outras po<strong>de</strong>riam servir <strong>de</strong> porto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>, optamos porestabelecer um confronto positivo entre as <strong>obra</strong>s supra. A nossa opçãopren<strong>de</strong>u-se com a relativa proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> publicação, assim como <strong>da</strong>ssimilitu<strong>de</strong>s que ence<strong>rra</strong>m, quer no espaço que <strong>de</strong>screvem (Luan<strong>da</strong>), querna crítica que <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>m (Burguesia).Obviamente que, como qualquer escolha, essa também restringe e,assim, as <strong>obra</strong>s, com carácter satírico, a que nos referimos são menos doque <strong>de</strong>sejaríamos, já que numerosas outras mereceriam ser cita<strong>da</strong>s.Ora, o estado <strong>da</strong> arte manifesta uma série <strong>de</strong> breves análises publica<strong>da</strong>s,que, com a excepção <strong>de</strong> algumas <strong>obra</strong>s <strong>de</strong> teor mais profundo,carecem <strong>de</strong> um estudo mais pormenorizado. Tal situação levou-nos àprocura <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong> Ariadne próprio, resultando <strong>da</strong>í uma caminha<strong>da</strong>em busca <strong>de</strong> rumos e conceitos distintos, que culminou num estudo151314“Importa conhecer as fe<strong>rra</strong>mentas e os materiais que o artista instrumentalizou para perceber ossinais <strong>da</strong>dos pelas suas escolhas estéticas, articulando-as à programação <strong>de</strong> um “conteúdo”, à comunicação<strong>de</strong> uma “mensagem” para os leitores <strong>da</strong> época ou <strong>de</strong> sempre”. Soares, Francisco, op. cit. p. 22.2007 E-BOOK CEAUP
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