Na(rra)ção satÃrica e humorÃstica: Uma leitura da obra narrativa de ...
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<strong>Na</strong>(<strong>rra</strong>)ção satírica e humorística: uma <strong>leitura</strong> <strong>da</strong> <strong>obra</strong> na<strong>rra</strong>tiva <strong>de</strong> Manuel Ruicronista <strong>de</strong> rádio e televisão, autor <strong>de</strong> hinos e canções, poeta, contista(127) e autor <strong>de</strong> literatura infantil.Dividi<strong>da</strong> a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> pelos domínios <strong>da</strong> ficção, do ensaio e <strong>da</strong> críticaliterária, o resultado será uma vastíssima <strong>obra</strong> (128) .Curiosamente, Manuel Rui tem parte <strong>da</strong> sua <strong>obra</strong> traduzi<strong>da</strong> em espanhol,francês, inglês, sueco, finlandês e outras línguas.A ligação constante com a cultura brasileira, nomea<strong>da</strong>mente através<strong>da</strong> figura <strong>de</strong> Jorge Amado, assim como a <strong>obra</strong> <strong>de</strong> Luandino Vieira (129) sãoaspectos relevantes na sua formação.O riso e a reflexão crítica que provoca no leitor atento são possibilitadospelo humor e ironia. Manuel Rui tentaria “pelo humor, penetrar emáreas que a censura normalmente cortava” (Laban:1991:719).Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar na sua <strong>obra</strong> duas fases distintas fruto <strong>da</strong> suaprópria história <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Assim sendo, a primeira fase seria aquela produzi<strong>da</strong>em Portugal antes <strong>de</strong> 1974, on<strong>de</strong> há uma busca do “eu” cultural eliterário marcado pela pré-angolani<strong>da</strong><strong>de</strong>, e uma segun<strong>da</strong> fase domina<strong>da</strong>pela extrospecção e por um certo di<strong>da</strong>ctismo, registando os principaiseventos por que passava a revolução (Venâncio: 1996b) (130) .É precisamente sobre esta segun<strong>da</strong> fase que <strong>de</strong>bruçaremos anossa atenção, <strong>da</strong>ndo uma visão particular ao nosso corpus <strong>de</strong> análise127Manuel Rui consi<strong>de</strong>ra-se um contador <strong>de</strong> histórias. Confi<strong>de</strong>nciou-nos, na entrevista que gentilmentenos ce<strong>de</strong>u, que se sente como tal. Relembrou com sau<strong>da</strong><strong>de</strong> o tempo em que, em Portugal, diziapoesia <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ia em al<strong>de</strong>ia: “poemas como o “<strong>Na</strong>moro” <strong>de</strong> Viriato <strong>da</strong> Cruz Man<strong>de</strong>i-lhe uma carta em papelperfumado/ e com letra bonita eu disse ela tinha/ um sorrir luminoso tão quente e gaiato/ como o sol <strong>de</strong> Novembrobrincando.... Era uma coisa esplendorosa, acrescenta”. I<strong>de</strong>m, p. 164.128[Poesia] Poesia sem notícias, 1967, Porto; A On<strong>da</strong>, 1973, Coimbra, Centelha; 11 Poemas em Novembro(Ano 1), 1976, Luan<strong>da</strong>, UEA; 11 Poemas em Novembro (Ano 2), 1977, Luan<strong>da</strong>, UEA; 11 Poemasem Novembro (Ano 3), 1978, Luan<strong>da</strong>, UEA. Agricultura. Poemas, 1978. Luan<strong>da</strong>. Ed. Conselho <strong>Na</strong>cional<strong>de</strong> Cultura/Instituto Angolano do Livro. Poemas em Novembro (Ano 4), 1979, Luan<strong>da</strong>, UEA. Poemas emNovembro (Ano 5), 1980, Luan<strong>da</strong>, UEA. Poemas em Novembro (Ano 6), 1981, Luan<strong>da</strong>, UEA. Poemas emNovembro (Ano Sete), 1984, Luan<strong>da</strong>, UEA. Cinco Vezes Onze Poemas em Novembro, 1988, Luan<strong>da</strong>. UEA.[Prosa] Regresso Adiado. 1974. Lisboa. Plátano Editora. Sim Camara<strong>da</strong>! 1977. Lisboa. Edições 70. CincoDias <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> in<strong>de</strong>pendência. 1979. Lisboa. Edições 70. Memória <strong>de</strong> Mar. 1980. Luan<strong>da</strong>. UEA. Quem me<strong>de</strong>ra ser on<strong>da</strong>. 1982. Luan<strong>da</strong>, INALD. Crónica <strong>de</strong> Um Mujimbo. 1989. Luan<strong>da</strong>. UEA. Um Morto & os Vivos.1993. Lisboa. Cotovia. Rioseco. 1997. Lisboa. Cotovia. [livro infantil] A Caixa. 1977. Luan<strong>da</strong>. [O manequime o piano, Lisboa, Cotovia, 2005]. Gomes, Aldónio et Cavacas, Fernan<strong>da</strong>, Dicionário <strong>de</strong> Autores <strong>de</strong> LiteraturasAfricanas <strong>de</strong> língua portuguesa, Lisboa, Caminho, 1997, p. 243-244.129O escritor <strong>de</strong>staca a influência dos dois escritores como algo natural, na “construção do texto e <strong>da</strong>história”. Op. cit. Entrevista em anexo, p. 156.130Venâncio, José Carlos, Colonialismo, Antropologia e Lusofonias – Repensando a presença portuguesanos trópicos, Lisboa, Vega, 1996b.532007 E-BOOK CEAUP