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Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

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Marta <strong>de</strong> Oliveira152contínuo e continuado, a fim <strong>da</strong> captação <strong>de</strong> possíveis horizontes <strong>da</strong>s<strong>obra</strong>s em estudo.Foi nossa intenção seguir uma linha pessoal tentando aprofun<strong>da</strong>r e<strong>de</strong>senvolver alguns aspectos que versam a análise literária <strong>da</strong> <strong>obra</strong> <strong>de</strong>Manuel Rui, <strong>da</strong>ndo importância acresci<strong>da</strong> às <strong>obra</strong>s supracita<strong>da</strong>s.A dimensão histórica, integra<strong>da</strong> no discurso na<strong>rra</strong>tivo, levou-nos aconsi<strong>de</strong>rar uma tipologia social, assim como o seu respectivo sistema<strong>de</strong> valores.O retrato que transpareceu nas páginas, por nós analisa<strong>da</strong>s, foi o<strong>de</strong> uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> angolana pinta<strong>da</strong> pelos traços <strong>da</strong> crítica, do humore do riso.De facto, a escrita <strong>de</strong> Manuel Rui tem em conta as reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s culturaise sociais <strong>de</strong> Angola. O escritor tem então o seu próprio país como referenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>,a partir <strong>de</strong> um cenário predominantemente urbano, palcoon<strong>de</strong> se tornam visíveis personagens representativas <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>em mutação e on<strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>nciam confrontos e conciliações <strong>de</strong> valores.A sátira, para além <strong>da</strong> crítica, visa moralizar e reformar. Trata-se <strong>da</strong>função didáctica que fizemos alusão e que nos pareceu fun<strong>da</strong>mental.Como elemento motivador <strong>da</strong> sátira distinguimos o senso do ridículo, napercepção do lado cómico <strong>da</strong>s personagens, situações e i<strong>de</strong>ias.As personagens: os “mais velhos”, os adultos e as crianças afloraramnuma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que se aburguesou, on<strong>de</strong> os conceitos estão <strong>de</strong>sprovidos<strong>da</strong> natureza a que se reportam, on<strong>de</strong> não há uma i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>valores, as práticas sociais e os comportamentos estão diluídos, estandoa incompetência e a corrupção esboça<strong>da</strong>s numa má distribuição <strong>de</strong> bens,assim, o <strong>de</strong>sajustamento social e a partilha do mujimbo são perenes e autopia, essa, é um ponto lá longe no mar <strong>de</strong> ilusões e <strong>de</strong>sejos.A ca<strong>da</strong> <strong>leitura</strong> que efectuámos, as personagens propõem-nos novosquestionamentos, as suas cores próprias pintam, <strong>de</strong>sta forma, o arco-íriscromático <strong>da</strong> <strong>obra</strong> do autor.Foi através do riso e humor, catarses do drama social, que lemos<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o livro <strong>de</strong> contos Regresso Adiado, passando por Quem me <strong>de</strong>ra seron<strong>da</strong>, Crónica <strong>de</strong> Um Mujimbo e 1 Morto & Os Vivos “De Um Comba”.Assim, a intriga que sustenta Quem me <strong>de</strong>ra ser on<strong>da</strong> apoia-se nasfalhas <strong>da</strong> prática social, mas atinge algumas estruturas simbólicas doE-book CEAUP 2007

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