19.08.2015 Views

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Marta <strong>de</strong> Oliveira“De princípio, quase ninguém se arrojou na abertura. Até que umhomem magro, vestindo um fato preto, luto a valer, cabelos brancos e riscoao meio, do antigamente, foi à mesa abriu uma ga<strong>rra</strong>fa <strong>de</strong> bagaceira e abasteceu-senum cálice-balão”.(p. 57)“<strong>Na</strong> hora <strong>de</strong> duas <strong>da</strong> tar<strong>de</strong> regressou o <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong>sta <strong>de</strong> fato brancoalvíssimo, camisa preta, gravata creme, o sapato <strong>de</strong> verniz preto bicudo e,para espanto <strong>de</strong> todos, num chapéu cinzento, mais uma bolsa <strong>de</strong> cabe<strong>da</strong>lcastanho a tiracolo e todo ele <strong>de</strong> aromas perfumado (...) As senhoras maiscotas ficaram na observação <strong>da</strong>quele <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cinquenta, elegante, sembarriga, pedir um guar<strong>da</strong>napo para pendurar no colarinho e tirar o chapéuantes <strong>de</strong> atacar no chu<strong>rra</strong>sco. Mais a exigência <strong>de</strong> um pires para o funji emolho à parte”.(p. 69)Progressivamente, o “<strong>de</strong> risco” vai-se assumindo como elemento<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nos diálogos sobre o morto e na organização do própriocomba:“Ora bem, o <strong>de</strong> risco sempre a tomar a iniciativa, que se estivesse mortoteria voltado a esten<strong>de</strong>r-se, encontrando-se agora ain<strong>da</strong> no caixão aberto(...) O espírito libertou-se <strong>da</strong> carne. O corpo voltou a cair. E o espírito vagueiaagora. Po<strong>de</strong> muito bem estar aqui entre nós”.(p. 64)98“Mas como é que se algema uma pessoa por se ter levantado do caixão?”– exasperava o <strong>de</strong> risco com o colarinho já todo kibuzado, fato pretocheio <strong>de</strong> enxovalho <strong>de</strong> se entregar assim à noite e ao dia e a boca a exalar umbafo <strong>de</strong> fermentações”.(p. 65)“E a partir <strong>de</strong>ssa sufraga<strong>da</strong> hora, em que o <strong>de</strong> risco fez a escolha dosseus colaboradores, proce<strong>de</strong>u a reunião com eles, ali no quintal, <strong>de</strong> papel eesferográfica na mão e tudo, organizando e referindo os assuntos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>um, a que ele chamou <strong>de</strong> itens, tudo se transformou”.(p. 82)E-book CEAUP 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!