19.08.2015 Views

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Na</strong>(<strong>rra</strong>)ção satírica e humorística: uma <strong>leitura</strong> <strong>da</strong> <strong>obra</strong> na<strong>rra</strong>tiva <strong>de</strong> Manuel RuiA linguagem será, à semelhança <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, carnavaliza<strong>da</strong>. Aapropriação <strong>de</strong> uma metalinguagem doutrinária (Quem me <strong>de</strong>ra seron<strong>da</strong>) com conotação marxista (283) , utiliza<strong>da</strong> pelas diferentes personagensprovoca o riso e o cómico.A nível lexical, a combinação <strong>de</strong> vocábulos pertencentes a diferentescategorias gramaticais existentes, na língua portuguesa, resulta naformação <strong>de</strong> neologismos com sentidos novos e que ultrapassaram ossignificados <strong>de</strong> elementos linguísticos que os constituem, funcionandocomo “mise en abime” <strong>da</strong>s estruturas sintácticas e do próprio processo<strong>de</strong> escrita “bocam”, “tanchar”, “emborcou” (Crónica <strong>de</strong> Um Mujimbo).Numa economia discursiva, a maior parte dos lexemas expressamuma nova dimensão linguística. Assim, algumas palavras compostasjustapõem-se simplesmente, reunindo elementos <strong>de</strong> categorias gramaticaissemelhantes ou distintas. O lexema po<strong>de</strong>rá aglutinar as duas palavrasnuma só, ou então hifenizá-las: “peixefritismo” (Quem me <strong>de</strong>ra seron<strong>da</strong>); “marchatrás” (Crónica <strong>de</strong> Um Mujimbo); “à-vonta<strong>de</strong>” (Crónica <strong>de</strong>Um Mujimbo).Desta forma, as varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do português aliam-se ao uso <strong>de</strong> novaspalavras e locuções <strong>de</strong> origem diversifica<strong>da</strong>.Concomitantemente, são notórios os traços <strong>de</strong> enraizamento <strong>de</strong> umalíngua viva, on<strong>de</strong> encontramos o aportuguesamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>spalavras: “faine”, “oquei” (284) (Quem me <strong>de</strong>ra ser on<strong>da</strong>).Fernando Hilário (2006) caracteriza o discurso na<strong>rra</strong>tivo do autor,nomea<strong>da</strong>mente em Quem me <strong>de</strong>ra ser on<strong>da</strong>, como “rápido, incisivo,subserviente do essencial, <strong>de</strong>sobrigado do supérfulo. Percebe-se, pois,que irá ser conta<strong>da</strong> uma estória <strong>de</strong> episódios essenciais, <strong>de</strong> linguagemaclimata<strong>da</strong> às personagens intervenientes e em economia discursiva”(i<strong>de</strong>m:40).Com efeito, a escrita traduz a cadência <strong>da</strong> fala, por vezes, porconstruções sintácticas e usos <strong>de</strong> aspas que dão conta do entrosamentodo discurso <strong>de</strong> personagens no <strong>de</strong> outras, ou no do na<strong>rra</strong>dor, comutilização do morfema introdutório do discurso: “masé” (1 Morto &Os Vivos).137283É frequente o uso literário dos novos vocábulos surgidos durante a gue<strong>rra</strong> pela in<strong>de</strong>pendência.284Verifica-se o anglicanismo registado foneticamente2007 E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!