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Na(rra)ção satírica e humorística: Uma leitura da obra narrativa de ...

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<strong>Na</strong>(<strong>rra</strong>)ção satírica e humorística: uma <strong>leitura</strong> <strong>da</strong> <strong>obra</strong> na<strong>rra</strong>tiva <strong>de</strong> Manuel RuiCastro Soromenho (43) escreve, fruto <strong>da</strong> sua coexistência e aprendizagemno sertão angolano, Raja<strong>da</strong> e outras histórias e Calen<strong>da</strong>. Aos contos enovelas seguem-se os romances Noite <strong>de</strong> angústia, Homens sem caminho,Te<strong>rra</strong> morta, Viragem e A Chaga (44) . Em inúmeras páginas, confrontam--se o negro e o branco, colonizados e colonizadores. On<strong>de</strong> o testemunhoprincipal será o <strong>de</strong> cativeiro existencial do homem negro.Um outro nome ganha relevo no panorama literário angolano – ÓscarRibas (45) , com a publicação <strong>de</strong> Nuvens que passam (1927), Uanga (1950),embora os louvores mais críticos versem Ecos <strong>da</strong> Minha Te<strong>rra</strong> (1952).Os afluentes <strong>de</strong>ste rio ficcional conheciam ain<strong>da</strong> Domingos Van--Dúnem, A Praga (1947) (46) , Agostinho Neto, Náusea (1952) e AntónioJacinto, Vovô Bartolomeu (1979) (47) .Se António Jacinto, com o seu conto Vovô Bartolomeu, manifesta a pardo respeito aos “mais velhos”, típico <strong>da</strong> tradição africana, a importância<strong>da</strong> juventu<strong>de</strong>, para alterar o estado <strong>de</strong> coisas que tem <strong>de</strong> ser suplantado, afavor <strong>de</strong> novas perspectivas (48) , também Luandino Vieira surge como referêncianesta literatura <strong>de</strong> resistência. A ficção <strong>de</strong> Luandino versa o tempohistórico <strong>da</strong> gue<strong>rra</strong> <strong>da</strong> libertação, num espaço <strong>de</strong> musseques <strong>de</strong> condiçõesprecárias. As suas personagens seriam pessoas do povo, na práticado quotidiano. Com uma escrita transgressiva <strong>da</strong> norma do português,constitui um marco na literatura angolana, pelas mu<strong>da</strong>nças que opera. Arecusa <strong>da</strong> norma <strong>da</strong> língua portuguesa, <strong>da</strong> qual se serve ao lado do quim-43<strong>Na</strong>tural <strong>de</strong> Moçambique, tornou-se angolano <strong>de</strong> vivência.44“Trata o particular que, se interpenetrando em vários planos, vai-se universalizando. Se o interessesociológico <strong>de</strong> Te<strong>rra</strong> Morta e <strong>de</strong> A Chaga talvez seja maior, na medi<strong>da</strong> em que trata com maior atençãodos problemas dos comerciantes, dos mestiços e dos negros, segundo os vários graus <strong>de</strong> integração noseio <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> colonial, em Viragem, com pincela<strong>da</strong>s fortes, nos dá as linhas mestras <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dos funcionáriosadministrativos”. Mourão, Fernando Augusto Albuquerque, A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Angolana através <strong>da</strong>Literatura, São Paulo, Editora Ática, 1978, p. 113.45“Ficcionista e colector <strong>de</strong> peças tradicionais”. Soares, Francisco, op. cit. p. 143.46Publicou ain<strong>da</strong> <strong>Uma</strong> História Singular; Milonga, Dibundu e Kuluka.47António Jacinto e Agostinho Neto salientar-se-ão, sobretudo, na poesia, nomea<strong>da</strong>mente no movimentoliterário “Vamos Descobrir Angola!”. Estes dois poetas, assim como Viriato <strong>da</strong> Cruz e LuandinoVieira, teriam influência inegável na escrita <strong>de</strong> Manuel Rui, nomea<strong>da</strong>mente pelo papel que <strong>de</strong>sempenharamo humor e a ironia, através <strong>de</strong> processos que sustentavam estilisticamente a sátira mor<strong>da</strong>z, a caricaturae o jogo <strong>de</strong> palavras <strong>de</strong>nunciadores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> colonial pequeno-burguesa, naturalmente quealgumas temáticas, don<strong>de</strong> salientamos a <strong>da</strong> infância como tempo <strong>de</strong> justiça e igual<strong>da</strong><strong>de</strong>, assim como o uso<strong>de</strong> uma linguagem própria e distinta do português-padrão europeu, seriam retoma<strong>da</strong>s por Manuel Rui.48Tal temática é também visível na <strong>obra</strong> <strong>de</strong> Manuel Rui.372007 E-BOOK CEAUP

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