25.08.2015 Views

A RELÍQUIA

Untitled - Luso Livros

Untitled - Luso Livros

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

prometera à Titi; e penetrava no corredor quando vi Cibele abrir a porta, juntoda nossa porta, e sair envolta numa capa cinzenta, com uma gorra ondealvejavam duas penas de gaivota. O coração bateu-me no delírio de umagrande esperança. Assim, era ela que cantarolava a Balada do rei de Tule!Assim, os nossos leitos estavam apenas separados pelo fino, frágil tabiquecoberto de ramarias azuis! Nem procurei as luvas pretas; desci num alvoroço,certo de que a ia encontrar no sepulcro de Jesus; e planeava já verrumar notabique um buraco, por onde o meu olho namorado pudesse ir saciar-se nasbelezas do seu desalinho.Ainda chovia, lugubremente. Apenas começamos a atolar-nos no enxurro daVia-Dolorosa, entalada entre muros cor de lodo — chamei Pote para debaixodo meu guarda-chuva, perguntei-lhe se vira no hotel a minha forte e sardentaCibele. O jucundo Pote já a admirara. E pelo Ibraim, seu compadre dileto,sabia que o barbaças era um escocês, negociante de curtumes...— Aí está, Topsius! — gritei eu. — Negociante de curtumes... Qual duque!E uma besta! Eu rachava-o! Em coisas de dignidade sou uma fera. Rachava-o!A filha, a das bastas tranças, dizia Pote, tinha um nome radiante de pedrapreciosa: chamava-se Ruby, rubim. Amava os cavalos, era arrojada; na altaGalileia, de onde vinham, matara uma águia negra...— Ora aqui têm os cavalheiros a casa de Pilatos...

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!