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A RELÍQUIA

Untitled - Luso Livros

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sempre a vira, cobrindo Jerusalém; as folhas dos ramos de Abrildesabrochavam num azul, moço, tenro, cheio de esperança como elas. E acada instante se me iam os olhos longamente nesses vergéis da Escritura, quesão feitos da oliveira, da figueira e da vinha, e onde crescem silvestres, e maisesplêndidos que o Rei Salomão, os lírios vermelhos dos campos!Enlevado e cantarolando, eu trotava ao comprido de uma sebe todaentrelaçada de rosas. Mas Topsius deteve-me; mostrou-me no alto de umouteiro, sobre um fundo sombrio de ciprestes e cedros, uma casa abrindo,para o lado do Oriente e da luz, o seu pórtico branco. Pertencia, disse ele, aum romano, parente de Valério Grato, antigo Legado Imperial da Síria; e tudoali parecia penetrado de paz amável e de graça latina. Um tapete viçoso, derelva bem lisa, estendia-se em declive até uma álea de alfazema, tendo aomeio, sobre o verde, desenhadas com linhas de flores escarlates, as iniciais deValério Grato; em redor, entre canteiros de rosas, de açucenas, orladas demirto, resplandeciam nobres vasos de mármore coríntico, onde se enrolavamfolhas de acanto; um servo, de capuz cinzento, talhava um teixo em forma deurna, ao lado de um buxo alto já talhado sabiamente em feitio da lira; avesdomésticas picavam o chão, coberto de areia escarlate, numa rua de plátanosonde os braços de hera faziam, de tronco a tronco, festões como os queornam um templo; a rama dos loureiros velava de sombras a nudez dasestátuas. E sob um caramanchão de vinha, ao rumor da água lenta cantandonuma bacia de bronze, um velho de toga, sereno, risonho, ditoso, lia junto a

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