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A RELÍQUIA

Untitled - Luso Livros

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narigudo, com um olho vesgo, e dentes podres que negrejavam no langornéscio do sorriso... Pote pulou do divã, injuriando Fatmé, ela gritava por Alá,batendo nos seios, que soavam molemente como odres mal cheios.E desapareceram, assanhados, levados numa rajada de ira. A circassiana,requebrando-se, com o seu sorriso pútrido, veio estender-nos a mão suja, apedir "presentinhos" num tom rouco de aguardente. Repeli-a com nojo. Elacoçou um braço, depois a ilharga; apanhou tranquilamente o seu véu e saiuarrastando as chinelas.— Oh, Topsius! — rosnei eu. — Isto parece-me uma grande infâmia!O sábio fez considerações sobre a voluptuosidade. Ela é sempre enganadora.Debaixo do sorriso luminoso está o dente cariado. Dos beijos humanos sóresta o amargor. Quando o corpo se extasia, a alma entristece...— Qual alma! Não há alma! O que há é um eminentíssimo desaforo! NaRua do Arco-do-Bandeira, esta Fatmé tinha já dois murros na bochecha... Irra!Sentia-me feroz, com desejos de escavacar o bandolim... Mas Pote reapareceu,cofiando os bigodões dizendo que por mais nove piastras de ouro, Fatméconsentia em mostrar a sua secreta maravilha, uma virgem das margens doNilo, da alta Núbia, bela como a noite mais bela do Oriente. E ele vira-a,afiançava-a, valia o tributo de uma fértil província.

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