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A RELÍQUIA

Untitled - Luso Livros

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— Ao Pretório!Muito tempo segui Topsius através da antiga Jerusalém, numa caminhadaofegante, todo perdido no tumulto dos meus pensamentos. Passamos junto aum jardim de rosas, do tempo dos profetas, esplêndido e silencioso que doislevitas guardavam com lanças douradas. Depois foi uma rua fresca, todaaromatizada pelas lojas dos perfumistas, ornadas de tabuletas em forma deflores e de almofarizes; um toldo de esteiras finas assombreava as portas; ochão estava regado e juncado de erva-doce e de folhas de anémonas; e pelasombra preguiçavam moços lânguidos, de cabelos frisados em cachos, deolheiras pintadas, mal podendo erguer, nas mãos pesadas de anéis, as sedasroçagantes das túnicas cor de cereja e cor de ouro. Além dessa rua indolenteabria-se uma praça, que escaldava ao sol, com uma poeira grossa e branca,onde os pés se enterravam; solitária, no meio, uma vetusta palmeira arqueavao seu penacho, imóvel e como de bronze; e ao fundo, negrejavam na luz ascolunatas de granito do velho palácio de Herodes. Aí era o Pretório.Decara do arco de entrada, onde rondavam, com plumas pretas no elmoreluzente, dois legionários da Síria — um bando de raparigas, tendo detrás daorelha, uma rosa e no regaço coifas de esparto, apregoavam os pães ázimos.Sob um enorme guarda-sol de penas, cravado no chão, homens de mitra defeltro, com tábuas sobre os joelhos e balanças, trocavam a moeda romana. Eos vendedores de água, com os seus odres felpudos, lançavam um gritotrémulo. Entramos: e logo um terror me envolveu.

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