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A RELÍQUIA

Untitled - Luso Livros

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— Sim — suspirou o velho, — era lá, pelas festas, que eu ganhava o pãodo longo ano! Nesses dias subia ao templo, ofertava a minha prece ao Senhor,e junto à porta de Susa, diante do pórtico do rei, estendia a minha esteira edispunha as minhas pedras que brilhavam ao sol... Decerto, eu não tinhadireito de pôr ali tenda; mas como poderia eu pagar ao templo o aluguer deum côvado de lajedo, para vender o trabalho das minhas mãos! Todos os queapregoam à sombra, debaixo do pórtico, sobre tabuleiros de cedro, sãomercadores ricos que podem satisfazer a licença; alguns pagam um ciclo deouro. Eu não podia, com crianças em casa sem pão... Por isso ficava a umcanto, fora do pórtico, no pior sítio. Ali estava bem encolhido, bem calado;nem mesmo me queixava quando homens duros me empurravam, ou medavam com os bastões na cabeça. E ao pé de mim havia outros, pobres comoeu: Eboim, de Jopé, que oferecia um óleo para fazer crescer os cabelos, eOséias, de Ramá, que vendia flautas de barro... Os soldados da Torre Antóniaque fazem a ronda, passavam por nós e desviavam os olhos. Até Menahem,que estava quase sempre de guarda pela Páscoa, nos dizia: — "está bem, ficai,contanto que não apregoeis alto". Porque todos sabiam que éramos pobres,não podíamos pagar o côvado de laje, e tínhamos nas nossas moradas criançascom fome... Na Páscoa e nos tabernáculos, vêm da terra distante peregrinos aJerusalém; e todos me compravam uma imagem do templo para mostrar nasua aldeia, ou uma das pedras da lua que afugentam o demónio... As vezes, ao

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