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A RELÍQUIA

Untitled - Luso Livros

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Adelaide!... A minha inquietação pelo "pão de cada dia" foi mesmo tão áspera,que de novo solicitei a intervenção do Lino — homem de vastas relaçõeseclesiásticas, parente de capelães de convento. Outra vez lhe mostrei o meuleito juncado de relíquias. Outra vez lhe disse, esfregando as mãos: "Vamos amais negócio, amiguinho! Aqui tenho sortimento fresco, chegadinho de Sião!"Mas, do digno homem da Câmara Patriarcal, só recolhi recriminaçõesacerbas...— Essa léria não pega, senhor! — gritou ele, com as veias a estalar decólera na cara esbraseada. — Foi Vossa Senhoria que estragou o comércio!...Está o mercado abarrotado, já não há maneira de vender nem um cueirinhodo Menino Jesus, uma relíquia que se vendia tão bem! O seu negócio com asferraduras é perfeitamente indecente... Perfeitamente indecente! É o que medizia noutro dia um capelão, primo meu: "São ferraduras de mais ara um paístão pequeno!..." Quatorze ferraduras, senhor! É abusar! Sabe Vossa Senhoriaquantos pregos, dos que pregaram Cristo na cruz, Vossa Senhoria temimpingido, todos com documentos? Setenta e cinco, senhor!... Não lhe digomais nada... Setenta e cinco!E saiu, atirando a porta com furor, deixando-me aniquilado.Venturosamente, nessa noite, encontrei o Rinchão em casa da Benta Bexigosa,e recebi dele uma considerável encomenda de relíquias. O Rinchão ia desposaruma menina Nogueira, filha da Senhora Nogueira, rica beata de Beja e rica

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