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A RELÍQUIA

Untitled - Luso Livros

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da Adélia; e eu comecei a caminhar ao lado do Rinchão, enfiando as luvaspretas.Munidos de um cartucho de pastéis e de uma garrafa de Madeira,encontramos a Ernestina a coser um elástico nas suas botinas de duraque. E aAdélia, estendida num sofá, de chambre e em saia branca, com os chineloscaídos no tapete, fumava um cigarro lânguido. Eu sentei-me ao lado dela,comovido e mono, com o meu guarda-chuva entre os joelhos. Só quando oSilvério e a Ernestina correram dentro à cozinha, abraçados, a buscar copospara o Madeira, ousei perguntar à Adélia, corando:— Então a menina de onde é?Era de Lamego. E eu, novamente acanhado, só pude gaguejar que eratristonho aquele tempo de chuva. Ela pediu-me outro cigarro, cortesmente,dizendo-me — o cavalheiro. Apreciei estes modos. As mangas largas do seuroupão, escorregando, descobriam braços tão brancos e macios, que entre elesa morte mesma deveria ser deleitosa.Fui eu que lhe ofereci o prato, onde a Ernestina colocara os pastéis. Ela quissaber o meu nome. Tinha um sobrinho que também chamava Teodorico; eisto foi como um fio subtil e forte que veio, do seu coração, enrodilhar-se nomeu.— Por que é que o cavalheiro não põe o guarda-chuva ali a um canto? —disse-me ela, rindo.

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