18.04.2013 Views

TOMO 1 - CiFEFiL

TOMO 1 - CiFEFiL

TOMO 1 - CiFEFiL

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cadernos do CNLF, Vol. XIV, Nº 2, t. 1<br />

390<br />

concerne, em contrapartida [...], ao ser do mundo, e não é este que está<br />

em questão na parte da retórica de que falo.<br />

Quando o enunciador diz...<br />

É créu é creu neles é créu nelas.<br />

Bora que vamos, bora que vamos.<br />

Há uma imbricação por parte do enunciador (cantor) direcionando<br />

ao enunciatário (plateia), neste momento ocorre uma espécie<br />

de ritual social da linguagem implícito, que é compartilhado pelos<br />

interlocutores. Quanto ao léxico créu, cujo significado contextual obtém<br />

possivelmente a seguinte definição: onomatopeia de conotação<br />

sexual, que supostamente corresponde ao som ou ruído no momento<br />

da conjunção carnal, que simula um movimento.<br />

Seguindo a música com o léxico "bora”, que é um mecanismo<br />

de interação com o locutor, que gramaticalmente de acordo com Celso<br />

Cunha (2007, p. 83/105) é uma palavra cuja composição é formada<br />

por aglutinação, (em+boa+hora), resultando embora. O autor<br />

pondera que:<br />

Chama-se formação de palavras o conjunto de processos morfossintáticos<br />

que permitem a criação de unidades novas com base em morfemas<br />

lexicais. Utilizam – se assim, para formar as palavras, os afixos de<br />

derivação ou os procedimentos de composição, que consiste em formar<br />

uma nova palavra pela união de dois ou mais radicais.<br />

Sendo assim, no discurso houve um apagamento do prefixo<br />

“em”, restando apenas "bora”. Esse enunciador manifesta seu discurso,<br />

fazendo um convite persuasivo ao enunciatário, que de acordo<br />

com, Maingueneau (2007, p. 17, apud BRUNELLI, 2008, p. 11) “...é<br />

um sistema de regras que define a especificidade de enunciação”.<br />

Percebe-se que existe um comportamento intencional por parte do<br />

enunciador em liderar a plateia, há um jogo que é constituído pelos<br />

atos de fala, os quais demonstram convenções que regulam as relações<br />

entre sujeitos, dando a cada elemento um estatuto na atividade<br />

da linguagem, sendo assim, acaba ocorrendo um contrato, que de acordo<br />

com Charaudeau (1983, p. 50, apud MAINGUENEAU, 1997,<br />

p. 30)<br />

... pressupõe que os indivíduos pertencentes a um mesmo corpo de práticas<br />

sociais sejam capazes de entrar em acordo a propósito das representações<br />

de linguagem destas práticas. Consequentemente, o sujeito que se<br />

comunica sempre poderá, com certa razão, atribuir ao outro (o não – EU)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!