18.04.2013 Views

TOMO 1 - CiFEFiL

TOMO 1 - CiFEFiL

TOMO 1 - CiFEFiL

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cadernos do CNLF, Vol. XIV, Nº 2, t. 1<br />

663<br />

sentidos das práticas discursivas e que colaboram para a produção, a<br />

reprodução ou a transformação das relações de poder.<br />

As ideologias implícitas nas práticas discursivas são por demais<br />

eficazes quando se tornam naturalizadas e conseguem atingir o<br />

status de senso comum (repositório dos diversos efeitos de lutas ideológicas<br />

passadas e constante alvo de reestruturação nas lutas atuais).<br />

Contudo, essa propriedade aparentemente estável e estabelecida das<br />

ideologias pode ser subjugada pela transformação, ou seja, pela luta<br />

ideológica como dimensão da prática discursiva, conseguindo-se, assim,<br />

remodelar as práticas discursivas e as ideologias que nelas foram<br />

construídas, no contexto das redefinições das relações de dominação.<br />

A ideologia é uma propriedade tanto de estruturas nas ordens<br />

dos discursos (que constituem o resultado de eventos passados)<br />

quanto de eventos (ou condições de eventos atuais e nos próprios eventos).<br />

Nas palavras de Fairclough (2001, p. 119), “é uma orientação<br />

acumulada e naturalizada que é construída nas normas e nas<br />

convenções, como também um trabalho atual de naturalização e desnaturalização<br />

de tais orientações nos eventos discursivos”.<br />

Fairclough afirma que os sujeitos, mesmo sendo posicionados<br />

ideologicamente, têm capacidade de agir criativamente, no sentido<br />

de executar suas próprias conexões entre as diversas práticas e ideologias<br />

a que são expostos e, também, de reestruturar tanto as práticas<br />

quanto as estruturas posicionadoras. “O equilíbrio entre o sujeito ‘efeito’<br />

ideológico e o sujeito agente ativo é uma variável que depende<br />

das condições sociais, tal como a estabilidade relativa das relações<br />

de dominação” (FAIRCLOUGH, 2008, p. 121).<br />

Esta questão do sujeito vem a ser o grande embate entre AD e<br />

ACD. Aquela com um sujeito assujeitado e esta com um sujeito<br />

transformador. Diante deste aspecto, é interessante conhecer o posicionamento<br />

de um grande analista (da AD) nacional – Sirio Possente.<br />

Possenti (2009, p. 83) afirma que passou “não aceitar a tese corrente<br />

em AD segundo a qual o sujeito é assujeitado, não foi por desconhecê-la.<br />

Foi exatamente porque eu a conhecia bastante bem e a<br />

tinha anteriormente aceito. Se passei a não mais aceitá-la, pelo menos<br />

na formulação Althusseriana, foi por outras razões, teóricas e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!