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TOMO 1 - CiFEFiL

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Cadernos do CNLF, Vol. XIV, Nº 2, t. 1<br />

664<br />

empíricas”, e ainda acrescenta que o próprio Foucault em sua obra o<br />

Uso dos Prazeres (1984 apud POSSENTI, 2009, p. 87) “abandonara<br />

seu posto antigo, e visava agora a um sujeito das práticas do cotidiano,<br />

cercado de circunstâncias que certamente não o deixam livre,<br />

mas que não o subjugam.” E arremata com a frase: “Estamos longe<br />

do sujeito assujeitado”.<br />

Fairclough considera que nem todo discurso é irremediavelmente<br />

ideológico. As ideologias caracterizam as sociedades que são<br />

estabelecidas numa relação de poder, de dominação. Assim, à medida<br />

que os seres humanos transcendem esse tipo de sociedade, transcendem<br />

também a ideologia. Por isso, Fairclough (2008) não aceita a<br />

visão que atribui a Althusser, em que a ideologia é o cimento social,<br />

o que é inseparável da sociedade. Os discursos caracterizam-se abertos<br />

em termos de princípios, logo, eles não são investidos ideologicamente<br />

no mesmo grau.<br />

O segundo ponto a ser tratado na análise da prática social é a<br />

hegemonia, conceito procedente dos estudos de Gramsci (Apud FA-<br />

IRCLOUGH, 2008) sobre o capitalismo ocidental e da estratégia revolucionária<br />

da Europa Ocidental. Destacaremos algumas concepções<br />

de hegemonia aceitas por Fairclough (2008, p. 122):<br />

a. É tanto liderança como exercício do poder em vários domínios de<br />

uma sociedade (econômico, político, cultural e ideológico).<br />

b. É, também, a manifestação do poder de uma das classes economicamente<br />

definidas como fundamentais em aliança com outras forças<br />

sociais sobre a sociedade como um todo, porém nunca alcançando,<br />

senão parcial e temporariamente, um ‘equilíbrio instável’.<br />

c. É, ainda, a construção de alianças e integração através de concessões<br />

(mais do que a dominação de classes subalternas).<br />

d. É, finalmente, um foco de luta constante sobre aspectos de maior volubilidade<br />

entre classes (e blocos), a fim de construir, manter ou,<br />

mesmo, a fim de romper alianças e relações de dominação e subordinação<br />

que assumem configurações econômicas, políticas e ideológicas.<br />

Ideologia, a partir dessa visão de hegemonia, é “uma concepção<br />

do mundo que está implicitamente manifesta na arte, no direito,<br />

na atividade econômica e nas manifestações da vida individual e coletiva”<br />

(GRAMSCI apud FAIRCLOUGH, 2008, p. 123). A produ-

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