19.04.2013 Views

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sentido e referência, portanto prenunciavam que a atuação da linguag<strong>em</strong> ia além <strong>de</strong><br />

“espelho da realida<strong>de</strong>”. As proposições éticas, que não objetivam registrar ou transmitir<br />

informações diretas sobre os fatos, mas manifestar <strong>em</strong>oções, prescrever comportamentos,<br />

não po<strong>de</strong>m ser vistas como falsas ou verda<strong>de</strong>iras, uma vez que, não correspon<strong>de</strong>ndo a fatos<br />

verificáveis, não correspon<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>clarações factuais. Eqüivale a dizer que n<strong>em</strong> todas as<br />

sentenças são <strong>de</strong>clarações, ou <strong>de</strong>scrições. Para o autor:<br />

N<strong>em</strong> todas as <strong>de</strong>clarações verda<strong>de</strong>iras ou falsas são <strong>de</strong>scrições, razão pela qual prefiro<br />

usar a palavra “constatativa”. Seguindo essa linha <strong>de</strong> pensamento, t<strong>em</strong>-se <strong>de</strong>monstrado<br />

atualmente <strong>de</strong> maneira minuciosa, ou pelo menos t<strong>em</strong>-se procurado parecer provável,<br />

que muitas perplexida<strong>de</strong>s filosóficas tradicionais surgiram <strong>de</strong> um erro – o erro <strong>de</strong> aceitar<br />

como <strong>de</strong>clarações factuais diretas proferimentos que ou são s<strong>em</strong> sentido (<strong>de</strong> maneiras<br />

interessantes <strong>em</strong>bora não gramaticais) ou então foram feitos com propósitos b<strong>em</strong><br />

diferentes. (AUSTIN, 1990, p. 23)<br />

Prosseguindo, Austin argumenta que os proferimentos são s<strong>em</strong>pre verda<strong>de</strong>iros,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da correspondência ou não com os fatos.<br />

Além disso, proferimentos <strong>em</strong>itidos nos atos <strong>de</strong> casar, batizar, apostar ou fazer<br />

legado não são relatos. Nestas circunstâncias, o proferimento é o fato, que por sua vez, não<br />

será falso ou verda<strong>de</strong>iro, mas feliz ou infeliz, <strong>de</strong> acordo com as circunstâncias estabelecidas<br />

na sua doutrina das infelicida<strong>de</strong>s: quando o ato lingüístico sofre algum tipo <strong>de</strong> erro que<br />

po<strong>de</strong> caracterizar-se <strong>em</strong> nulida<strong>de</strong>, abuso ou quebra <strong>de</strong> compromisso.<br />

As infelicida<strong>de</strong>s ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> circunstâncias cujos procedimentos adotados não são<br />

convencionais, ou não a<strong>de</strong>quados às circunstâncias, ou ainda quando estes são executados<br />

<strong>de</strong> forma in<strong>completa</strong>. Tais ocorrências ocasionarão o que Austin <strong>de</strong>nomina como más<br />

invocações e más execuções e provocam os atos infelizes. Os últimos também acontec<strong>em</strong><br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!