Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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1.7 O PERFORMATIVO PARA SEARLE<br />
Há divergência <strong>de</strong> pensamento entre Austin e Searle a respeito da linguag<strong>em</strong> como<br />
representação do real. Para o primeiro, a linguag<strong>em</strong> constitui o real; para o segundo, ela é<br />
apenas o espelho da realida<strong>de</strong>.<br />
Searle vê a construção do ilocucionário <strong>de</strong> forma diferente <strong>de</strong> Austin. Para o último,<br />
o fenômeno que se <strong>de</strong>seja clarear é o ato <strong>de</strong> fala total. Todavia, Searle separa a parte da<br />
linguag<strong>em</strong> que constitui seu tipo ilocucionário, ou força ilocucionária da parte que constitui<br />
seu conteúdo proposicional: F(p)→ conteúdo proposicional (a linguag<strong>em</strong>), F→ força<br />
ilocucionária ou tipo ilocucional.<br />
A partir <strong>de</strong>ssa dicotomia, o filósofo preocupa-se <strong>em</strong> elencar as categorias dos<br />
diferentes tipos <strong>de</strong> atos ilocucionários, isto é, dos diferentes tipos <strong>de</strong> força <strong>de</strong> <strong>em</strong>issão, <strong>de</strong><br />
propósitos ilocucionários, atribuindo à intencionalida<strong>de</strong> do falante (o significado dado pela<br />
mente a meras marcas e sons) o alcance da performativida<strong>de</strong>:<br />
O significado <strong>de</strong> uma frase é <strong>de</strong>terminado pelos significados das palavras e pela organização sintática<br />
das palavras na frase. Mas o que o falante quer dizer com o proferimento da frase, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminados limites, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> inteiramente <strong>de</strong> suas intenções. (SEARLE, 2000, p. 130)<br />
Como se verá no transcorrer da análise, no que se refere à observação dos efeitos<br />
dos atos <strong>de</strong> fala – os perlocucionários – somente a construção lógica do ilocucionário (a<br />
intencionalida<strong>de</strong> do <strong>em</strong>issor) não é garantia da sua concretização, isto é, da sua atuação<br />
satisfatória no mundo. Aliás, a real intencionalida<strong>de</strong> do <strong>em</strong>issor n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre se instala no<br />
corpo do enunciado <strong>em</strong> si, mas curiosamente, po<strong>de</strong> ser comparada a um jogo <strong>de</strong> bilhar cuja<br />
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