19.04.2013 Views

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

comunida<strong>de</strong>, el<strong>em</strong>entos estes dos quais a linguag<strong>em</strong> é indissociável. A linguag<strong>em</strong> é uma<br />

prática social concreta e como tal <strong>de</strong>ve ser analisada. Não há mais uma separação radical<br />

entre “linguag<strong>em</strong>” e “mundo”, porque o que consi<strong>de</strong>ramos a “realida<strong>de</strong>” é constituído<br />

exatamente pela linguag<strong>em</strong> que adquirimos e <strong>em</strong>pregamos. (SOUZA FILHO. In:<br />

AUSTIN, 1990, p. 10)<br />

Searle se propõe a dar continuida<strong>de</strong> à teoria dos atos <strong>de</strong> fala <strong>de</strong> Austin.<br />

Entretanto, afasta-se da teoria austiniana <strong>em</strong> pontos basilares, <strong>de</strong>ntre os quais, cita-se o<br />

enfoque dado à intencionalida<strong>de</strong> do falante como fator prepon<strong>de</strong>rante da força<br />

ilocucionária, o foco <strong>de</strong> construção do sentido volta-se, <strong>de</strong>ssa forma, para o enunciado.<br />

Como já dito, há um retorno, inclusive, a critérios como falso e verda<strong>de</strong>iro das <strong>de</strong>clarações,<br />

estágio reflexivo que a teoria <strong>de</strong> Austin já havia superado por ocasião da discussão sobre<br />

performativo-constativo.<br />

Searle <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que as ações têm componentes físico e mental, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

pr<strong>em</strong>editadas ou espontâneas. Denomina “raciocínio prático” a forma com que se po<strong>de</strong><br />

diferenciá-las. Esse ponto <strong>de</strong> vista se configura como uma função <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> cuja<br />

atribuição <strong>de</strong> significado pelo falante, responsável pelo proferimento, aos sons que <strong>em</strong>ite ou<br />

escreve, impondo sua intencionalida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>stinatário. A força ilocucionária aconteceria<br />

apenas através da intencionalida<strong>de</strong> do proferimento, ficando o sentido do enunciado isolado<br />

do interlocutor e do contexto. Explica Searle que<br />

A chave para a compreensão do significado é a seguinte: o significado é uma forma <strong>de</strong><br />

intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivada. A intencionalida<strong>de</strong> original ou intrínseca do pensamento do<br />

falante é transferida para as palavras, frases, marcas, símbolos e assim por diante. Se<br />

pronunciadas <strong>de</strong> forma significativa, essas palavras, frases, marcas e símbolos passam a<br />

ter intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivada dos pensamentos do falante. Elas não têm apenas um<br />

significado lingüístico convencional, mas também um significado <strong>de</strong>sejado pelo falante.<br />

A intencionalida<strong>de</strong> convencional das palavras e frases <strong>de</strong> uma língua po<strong>de</strong> ser usada por<br />

um falante para realizar um ato <strong>de</strong> fala, ele impõe sua intencionalida<strong>de</strong> àqueles<br />

57

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!