Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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O ilocucionário “Síntese do Histórico do Estabelecimento” (cf. anexo 1) não t<strong>em</strong><br />
seu sentido composto apenas pelo diálogo, pela seleção lexical ou pela escolha <strong>de</strong> gênero<br />
a<strong>de</strong>quado. N<strong>em</strong> o teste <strong>de</strong> ampliação e explicitação da força ilocucionária, b<strong>em</strong> como a<br />
recuperação do eu-proferidor, consegu<strong>em</strong> revelar a performance alcançada pela linguag<strong>em</strong><br />
ali presente. Há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar também como atuações lingüísticas a interrupção do<br />
diálogo do grupo <strong>de</strong> voluntários a mobilizar-se para construir a escola já reivindicada (cf.<br />
anexos 5 e 6) e não atendida, e o silêncio imposto ao então movimento socialista, ou como<br />
<strong>de</strong>finido por outros como da doutrina social da Igreja, a partir <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> março.<br />
2.4.1 Uma Atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Linguag<strong>em</strong> Manipuladora<br />
Embora os anexos 5 e 6 não estejam diretamente ligados à criação da “Escolinha do<br />
Povo”, são ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> da autorida<strong>de</strong> constituída que, <strong>de</strong> forma<br />
falaciosa, usa o argumento da necessida<strong>de</strong>. Esta, por sua vez, seria a justificativa cabível ao<br />
ato e verda<strong>de</strong> do enunciado <strong>em</strong> si, a admissão <strong>de</strong> professores municipais para a Vila<br />
Operária. A falácia presente nos atos administrativos citados revela-se no confronto <strong>de</strong>stes<br />
com os atos imediatamente posteriores a eles: a transferência dos professores admitidos<br />
para outro estabelecimento com a seguinte justificativa: “... colocar à disposição (...) até<br />
que seja construída a Casa Escolar da Vila Operária...” (cf. anexos 5 e 6). O confronto entre<br />
os dados mostra que a linguag<strong>em</strong> atua no sentido <strong>de</strong>, mais uma vez, compor duas versões<br />
diferentes: numa há uma instituição que necessita <strong>de</strong> professores (verda<strong>de</strong> que justificaria a<br />
função social do ato administrativo); noutra, a instituição não existe, portanto o funcionário<br />
<strong>de</strong>ve prestar serviço <strong>em</strong> outro estabelecimento. A ocorrência <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstra que o<br />
significado não está no corpo do enunciado, mas na circunstância que o gerou. Esta, por sua<br />
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