Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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<strong>de</strong> Royaumont-França, <strong>em</strong> março <strong>de</strong> 1958, no texto “Performatif-Constatif”, <strong>em</strong>ite o<br />
seguinte proferimento:<br />
Po<strong>de</strong>-se muito b<strong>em</strong> fazer uma idéia do enunciado performativo, termo, sei disso, que<br />
não existe na língua francesa, n<strong>em</strong> <strong>em</strong> outros lugares. Essa idéia foi introduzida para<br />
contrastar com a do enunciado <strong>de</strong>clarativo, ou melhor, como o chamarei, constativo. Eis<br />
aí o que questionarei. Esta antítese performativo-constativo, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os aceitá-la?<br />
O enunciado constativo t<strong>em</strong>, sob o nome <strong>de</strong> afirmação tão querido dos filósofos, a<br />
proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iro ou falso. Ao contrário, o enunciado performativo não<br />
po<strong>de</strong> jamais ser n<strong>em</strong> um n<strong>em</strong> outro: t<strong>em</strong> sua própria função, serve para realizar uma<br />
ação. “Formular um tal enunciado” é realizar a ação, ação, talvez, que não po<strong>de</strong>ria ser<br />
realizada, ao menos com tal precisão, <strong>de</strong> nenhum outro modo. (OTTONI, 1998, p. 111,<br />
apud Austin)<br />
Tal dicotomia não será aprofundada na presente dissertação. O foco incidirá na<br />
realização <strong>de</strong> um ato ao se dizer algo e a fixação dos mesmos com posteriores reiterações.<br />
Enten<strong>de</strong>-se que a reflexão proposta pelo autor constituiu-se necessária naquele<br />
momento e resultou num método <strong>de</strong> construção, que se amplia, no transcorrer da análise,<br />
chegando às “famílias mais gerais <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> fala, estes relacionados e sobrepostos”<br />
(AUSTIN, 1990, p. 122). Os atos <strong>de</strong> fala, por sua vez, têm seu cerne no conceito <strong>de</strong><br />
performativo. A <strong>de</strong>nominação dada ao ato <strong>de</strong> fazer algo ao se dizer algo é justificada pelo<br />
autor:<br />
... evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente que este nome é <strong>de</strong>rivado do verbo inglês to perform, verbo correlato<br />
do substantivo “ação”, e indica que ao se <strong>em</strong>itir o proferimento está-se realizando uma<br />
ação, não sendo consequent<strong>em</strong>ente, consi<strong>de</strong>rado um mero equivalente a dizer<br />
algo.(AUSTIN, 1990, p.25)<br />
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