Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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obtivesse uma forma na primeira pessoa do singular do presente do indicativo da voz<br />
ativa (gramatical). (AUSTIN, 1990, p. 62)<br />
Neste ponto, as reflexões <strong>de</strong> Bakhtin e Austin parec<strong>em</strong> se ass<strong>em</strong>elhar naquilo<br />
que o primeiro <strong>de</strong>fine como enunciado: uma unida<strong>de</strong> real da comunicação humana gerada<br />
num processo interativo, histórico, interlocutivo, que se realiza através <strong>de</strong> enunciados orais<br />
ou escritos, concretos e únicos, compondo uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentido, refletindo as condições<br />
específicas, as finalida<strong>de</strong>s contextuais <strong>de</strong> cada esfera da comunicação humana. Distanciar-<br />
se do conceito <strong>de</strong> processo interativo po<strong>de</strong> provocar um distanciamento da concepção <strong>de</strong><br />
linguag<strong>em</strong> como ação que, por sua vez, une o ato lingüístico à história.<br />
Antecipa-se que a atuação <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos circunstanciais po<strong>de</strong> alterar o<br />
significado lexical. Nos performativos como portarias, resoluções, atas, avisos internos,<br />
exige-se formalização e explicitação da força ilocucionária exercitiva, caso contrário, o ato<br />
torna-se inválido. Nas circunstâncias a<strong>de</strong>quadas, o exercício do po<strong>de</strong>r da autorida<strong>de</strong><br />
administrativa concretiza-se através <strong>de</strong> ações lingüísticas como “<strong>de</strong>signar”, “nomear”,<br />
“dispensar”, “criar”, entre outras, porém, nas circunstâncias enfocadas, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre o<br />
sentido expresso nestes termos <strong>de</strong>finiu a ação realizada.<br />
Apesar <strong>de</strong> o alerta dado <strong>em</strong> relação aos performativos exigir<strong>em</strong> mais que critérios<br />
gramaticais, o autor consi<strong>de</strong>ra que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir, expandir ou analisar o<br />
enunciado <strong>de</strong> forma a se aplicar a fórmula e, consequent<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong>svelar o eu proferidor,<br />
são “bons testes”. Nos enunciados orais, essa exigência realiza-se com facilida<strong>de</strong>, uma vez<br />
que o proferimento é historicamente circunstanciado; e nos escritos, o resgate é feito pelo<br />
eu assinatura. Oferece como ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> resgate do proferidor enunciados como “Avisa-se<br />
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