Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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Para o autor, o ato ilocucionário não é constituído só pela intenção ou pelo fato,<br />
mas pela convenção. A força ilocucionária está assegurada quando da sua apreensão pelo<br />
interlocutor do que po<strong>de</strong> advir um resultado e/ou uma resposta.<br />
Da reflexão encontrada no livro “Quando dizer é fazer”, Austin conclui:<br />
Diss<strong>em</strong>os que havia uma coisa que <strong>de</strong>veria ser feita, obviamente, e que requer<br />
prolongada investigação. Diss<strong>em</strong>os, há bastante t<strong>em</strong>po atrás, que necessitávamos <strong>de</strong> uma<br />
lista <strong>de</strong> “verbos performativos explícitos”, mas à luz da teoria mais geral v<strong>em</strong>os agora<br />
que o que necessitamos é <strong>de</strong> uma lista das forças ilocucionárias <strong>de</strong> um proferimento. A<br />
velha distinção, contudo, entre performativos primários e performativos explícitos<br />
sobreviverá à transição fundamental <strong>de</strong> uma distinção entre performativos e<br />
constatativos para a teoria dos atos <strong>de</strong> fala. Vimos que há razões para supor que os testes<br />
sugeridos para indicar os verbos performativos explícitos (dizer... é fazer... etc.) são<br />
bons testes, e até <strong>de</strong> fato dão melhores resultados para i<strong>de</strong>ntificar aqueles verbos que,<br />
como diss<strong>em</strong>os agora, explicitam a força ilocucionária <strong>de</strong> um proferimento, ou mostram<br />
qual é o ato ilocucionário que estamos realizando ao <strong>em</strong>iti-lo. O que não sobreviverá à<br />
transição, exceto talvez como um caso marginal limite, é a noção da pureza dos<br />
performativos. Isso <strong>em</strong> nada <strong>de</strong>ve nos surpreen<strong>de</strong>r, pois essa noção nos criou<br />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Ela se baseava, essencialmente, na dicotomia<br />
performativos/constatativos, que, como já vimos, t<strong>em</strong> que ser substituída pela idéia <strong>de</strong><br />
que há famílias mais gerais <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> fala relacionados e sobrepostos.(AUSTIN, 1990,<br />
p. 122)<br />
Disso se po<strong>de</strong> antecipar que a busca <strong>de</strong> critérios lexicais e/ou gramaticais como<br />
fórmulas para elaboração dos performativos não explica a concepção <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> como<br />
ação, vista <strong>em</strong> Austin:<br />
A primeira sugestão foi a <strong>de</strong> encontrar um critério ou critérios gramaticais ou <strong>de</strong><br />
vocabulário, ou uma combinação <strong>de</strong> ambos. Destacamos o fato <strong>de</strong> que certamente não<br />
há nenhum critério absoluto <strong>de</strong>ste tipo: e <strong>de</strong> que muito provavelmente não seria viável<br />
sequer fazer uma lista <strong>de</strong> todos os critérios possíveis. (AUSTIN, 1990, p. 66)<br />
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