Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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<strong>de</strong> 20/08/80 e 28//10/80 (cf. anexos 8, 10 e 11) os sentidos estabelecidos antes ao projeto <strong>de</strong><br />
resgate histórico perduraram, <strong>em</strong> muitos aspectos. A comunida<strong>de</strong> escolar ainda <strong>de</strong>clara que<br />
a escola foi oficialmente criada <strong>em</strong> 02/04/64 (cf. anexos 17 e 19) e mantém a exclusão da<br />
“<strong>de</strong>signação” dos dois nomes para respon<strong>de</strong>r<strong>em</strong> pela direção no ano <strong>de</strong> 1980 (cf. anexos 15<br />
e 16), mantendo como verda<strong>de</strong> o nome do sujeito “dispensado” pela resolução.<br />
O ato discursivo que estabeleceu a “criação” da escola, tomado numa circunstância<br />
autoritária <strong>de</strong> “cala a boca”, não careceu <strong>de</strong> “formas legais” válidas para ser imposto.<br />
Apagou-se do registro escrito a “Escolinha do Povo”, porque a facção política que tomou o<br />
po<strong>de</strong>r sentiu-se ameaçada pelo trabalho pedagógico voluntário <strong>de</strong> cunho marxista, ainda<br />
que esse pressuposto i<strong>de</strong>ológico, conforme afirmaram as <strong>de</strong>poentes, não estivesse claro <strong>em</strong><br />
suas consciências. O eu autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminou, naquela circunstância não <strong>de</strong>mocrática, o<br />
que seria construído e institucionalizado como fato histórico, ato efetuado também no<br />
registro escrito. Percebeu-se que os fatos históricos s<strong>em</strong> o estatuto da escrituração,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes apenas da m<strong>em</strong>ória e da retomada oral, <strong>de</strong>sapareceriam aos poucos, junto com<br />
aqueles que os conheciam.<br />
A força institucionalizadora da palavra escrita, juntamente com o lento, mas<br />
inexorável esquecimento e as consecutivas reiterações do documento justificam,<br />
possivelmente, a permanência da mesma data <strong>de</strong> criação da escola após o projeto <strong>de</strong> resgate<br />
histórico “Com<strong>em</strong>orar é Conhecer”.<br />
Quanto à segunda teia <strong>de</strong> fatos discursivos analisada, <strong>em</strong> 1980 coexist<strong>em</strong>, <strong>de</strong> certa<br />
forma oficialmente, duas realida<strong>de</strong> diferentes. No âmbito da comunida<strong>de</strong> escolar, a<br />
Resolução 717/80 (cf. anexo 8) não se institucionalizou apesar do seu aparato formal e<br />
presunção <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>. Junto à mantenedora, por sua vez, é consi<strong>de</strong>rada verda<strong>de</strong>ira.<br />
Esta dupla versão discursiva possivelmente coexista, dado o diálogo responsivo<br />
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