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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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A análise dos dados dos capítulos posteriores terá como pilar a função performativa<br />

da linguag<strong>em</strong>, ou seja, como os atos são realizados com e pela linguag<strong>em</strong> e <strong>em</strong> que<br />

condições circunstanciais, se a<strong>de</strong>quadas ou não (as “condições felizes <strong>de</strong> realização” dos<br />

enunciados performativos). São essas condições que propiciam a esses atos a produção <strong>de</strong><br />

efeitos e conseqüências no mundo, quer dizer, a “língua viva”.<br />

O foco <strong>de</strong> atenção incidirá, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte, nos performativos explícitos ou puros<br />

(os contentores <strong>de</strong> forma explícita – o eu proferidor claro, a presença <strong>de</strong> verbo <strong>de</strong><br />

inambígua força ilocucionária, no t<strong>em</strong>po presente, na voz ativa). Os performativos<br />

primários ou implícitos também compuseram o rol do corpus coletado. São aqueles<br />

ilocucionários que não traz<strong>em</strong> claros o eu proferidor e o verbo <strong>de</strong> força ilocucionária, fato<br />

que, por si, não <strong>de</strong>monstrará ser impedimento para a ocorrência dos efeitos <strong>de</strong>sses atos <strong>de</strong><br />

fala – os perlocucionários.<br />

Por conta disso, como já afirmado por Austin, antecipa-se que a função<br />

performativa da linguag<strong>em</strong> se concretiza na totalida<strong>de</strong> do ato <strong>de</strong> fala, isto é, consi<strong>de</strong>rando-<br />

se, “<strong>de</strong> modo global a situação <strong>em</strong> que se fez o proferimento (...)” (AUSTIN, 1990, p. 56).<br />

Essa tentativa <strong>de</strong> visão do todo mostrou ser a ação lingüística produtora <strong>de</strong> efeitos<br />

transformadores quando, no transcorrer da situação comunicativa, locutor e interlocutor<br />

estabelec<strong>em</strong> um acordo <strong>de</strong> sentido. Significa dizer que, <strong>em</strong> oposição ao dito searleano, a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação da linguag<strong>em</strong> não está centrado unicamente na intencionalida<strong>de</strong> do<br />

<strong>em</strong>issor e a construção lógico-formal do enunciado.<br />

A institucionalização das versões históricas analisadas, todavia, obe<strong>de</strong>cerá aos<br />

pressupostos estabelecidos pelo filósofo norte-americano quando este explica que a<br />

realida<strong>de</strong> social é um fenômeno criado pelos contratos sociais firmados através da<br />

linguag<strong>em</strong>. Essas realida<strong>de</strong>s institucionais não <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> fatos simplesmente, elas os<br />

constitu<strong>em</strong>.<br />

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