Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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Po<strong>de</strong>-se concluir, <strong>de</strong>ste modo, que <strong>em</strong> qualquer situação <strong>de</strong> fala não há um “controle” do sujeito<br />
(falante) sobre sua intenção, já que ela se realiza juntamente e através do uptake (com seu<br />
interlocutor). O uptake é então uma condição necessária do próprio ato (<strong>de</strong> fala), e é ele que<br />
produz o ato. Nunca <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong>os <strong>de</strong> atribuir uma intencionalida<strong>de</strong> a um ato (físico), uma vez que<br />
este não po<strong>de</strong>rá ser isolado <strong>de</strong> uma intenção, mas, já que po<strong>de</strong>m haver situações inesperadas, não<br />
tencionadas pelo sujeito falante (cf. Rajagopalan, 1990 a , p. 577), é através do uptake que há um<br />
<strong>de</strong>scentramento do papel do sujeito falante. (OTTONI, 1998, p. 82)<br />
Com o exposto acima, o uptake <strong>de</strong>smantela a intenção codificada no signo ou na<br />
sentença, como o <strong>de</strong>seja Searle. Na proposta austiniana, por sua vez, a intenção não<br />
pertence somente ao sujeito falante que a transmite, mas é garantida através da apreensão<br />
pelo ouvinte.<br />
Apesar <strong>de</strong> a teoria apresentar três conceitos: performativo, ato <strong>de</strong> fala e<br />
ilocucionário, o que Austin propõe não são conceitos, mas reflexões ou noções que<br />
compõ<strong>em</strong> a visão performativa da linguag<strong>em</strong> :<br />
(...) Há relação entre esses três “conceitos” no interior da argumentação <strong>de</strong> Austin; mas não se po<strong>de</strong><br />
dizer que há <strong>de</strong> fato uma relação <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> um estar ligado ao outro <strong>de</strong><br />
modo linear, ou <strong>de</strong> um <strong>de</strong>finir o outro. O que há é um <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong>stes conceitos no interior da<br />
argumentação austiniana que justifica a visão performativa. Há toda uma força histórica no interior<br />
das discussões sobre a linguag<strong>em</strong> que justifica a análise e o aparecimento da performativida<strong>de</strong> num<br />
<strong>de</strong>terminado momento.(OTTONI, 1998, pp. 33-4)<br />
O todo do uso da linguag<strong>em</strong> numa circunstância comunicativa <strong>de</strong>termina a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os contratos verbais sejam firmados e, assim, a história <strong>de</strong> uma<br />
comunida<strong>de</strong> se institucionalize.<br />
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