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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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A data aceita como da criação da Escola Isolada “Dr. Osvaldo Cruz” é uma<br />

construção lingüística. Nos <strong>de</strong>poimentos colhidos, não há registro da data exata <strong>em</strong> que as<br />

portas foram reabertas - provavelmente <strong>em</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1965 - mas no dia 02/04/64 elas<br />

ainda permaneciam fechadas. Só algum t<strong>em</strong>po após o golpe e o afastamento dos<br />

coor<strong>de</strong>nadores do movimento, a chave do prédio foi requisitada (cf. arquivo <strong>de</strong> pesquisa).<br />

Após essa iniciativa, a escola passou a receber orientações da Prefeitura Municipal.<br />

Os proferimentos discursivos do movimento social, calados a partir do golpe <strong>de</strong> 64,<br />

não parec<strong>em</strong> ficar suficient<strong>em</strong>ente explicados se se disser que foram ocorrências surgidas<br />

através das réplicas oportunizadoras <strong>de</strong> posições responsivas, vinculando um enunciado a<br />

outro, conforme <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Bakhtin. O que aconteceu foi a instauração <strong>de</strong> uma nova teia <strong>de</strong><br />

fatos históricos.<br />

Bakhtin consi<strong>de</strong>ra que a relação dialógica é <strong>de</strong>terminada pelas pausas entre um<br />

enunciado e outro. Estas pausas <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> as fronteiras entre eles. No que se refere à<br />

existência da “Escolinha do Povo” e ao movimento socialista, nos dados coletados e<br />

analisados, observou-se uma pausa <strong>de</strong> trinta e sete anos. Somente o resgate da história<br />

restaurou os fatos apagados pelo golpe <strong>de</strong> estado e esquecidos pelo silêncio obrigatório.<br />

Para alguns dos sujeitos requisitados para entrevista, entretanto, a longa pausa<br />

parece não ter significado o aniquilamento do discurso <strong>de</strong> 64. A professora Estel Ferreira <strong>de</strong><br />

Mello, <strong>em</strong> seu <strong>de</strong>poimento, conclui: “Resumindo nosso i<strong>de</strong>al foi <strong>de</strong> luta por um Brasil<br />

melhor, mais humano e justo. Palavras que ainda hoje soam atuais.” (Cf. anexo 7).<br />

Esclareceu também que a sua <strong>de</strong>claração não <strong>de</strong>veria ser entendida como sugestão <strong>de</strong><br />

retomada do discurso político i<strong>de</strong>ológico professado naquele momento, a atualida<strong>de</strong><br />

referida está adida aos probl<strong>em</strong>as enfrentados pelo povo brasileiro e não <strong>de</strong>ve ser tomado<br />

como recuperação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los comprovadamente ina<strong>de</strong>quados. Todos os entrevistados<br />

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