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Download do Livro - O Grande Conflito

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Mais uma vez Calvino voltou a Paris. Mesmo então não po­dia aban<strong>do</strong>nar a esperança de que a França,<br />

como nação, aceitasse a Reforma. Encontrou, porém, fechadas para o trabalho quase todas as portas.<br />

Ensinar o evangelho era tomar o caminho direto para a fogueira, a finalmente resolveu partir para a<br />

Alemanha. Apenas deixara a França, quan<strong>do</strong> irrompeu sobre os protestantes uma tempestade que<br />

certamente o teria envolvi<strong>do</strong> na ruína geral, caso houvesse ele permaneci<strong>do</strong>.<br />

Os reforma<strong>do</strong>res franceses, ansiosos por ver seu país acompanhar a Alemanha e a Suíça, decidiram-se a<br />

desferir contra a superstição de Roma um golpe audaz, que despertaria a nação inteira. De conformidade<br />

com isto, em uma noite foram afixa<strong>do</strong>s, por toda a França, cartazes que atacavam a missa. Em vez de<br />

promover a Reforma, este movimento zeloso, mas mal-interpreta<strong>do</strong>, acarretou ruína, não somente para<br />

seus propaga<strong>do</strong>res, mas também para os amigos da fé reformada na França inteira. Deu aos romanistas o<br />

que havia muito desejavam - um pre­texto para pedirem a destruição completa <strong>do</strong>s hereges como agita<strong>do</strong>res<br />

perigosos à estabilidade <strong>do</strong> trono a da paz da nação.<br />

Por alguma mão secreta - se a de um amigo imprudente, ou a de um ardiloso adversário, nunca se soube<br />

- um <strong>do</strong>s cartazes foi coloca<strong>do</strong> à porta <strong>do</strong> quarto particular <strong>do</strong> rei. 0 monarca encheu-se de horror.<br />

Naquele papel eram atacadas sem reservas superstições que haviam recebi<strong>do</strong> a veneração <strong>do</strong>s séculos. E<br />

a audácia, sem precedentes, de introduzir à presença real estas asserções claras a surpreendentes,<br />

suscitou a ira <strong>do</strong> rei. Em espanto ficou ele por um pouco de tempo a tremer a com a voz embargada.<br />

Então sua raiva encontrou expressão nestas terríveis palavras: "Sejam sem distinção agarra<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os<br />

que são suspeitos de luteranismo. Exterminá-los-ei a to<strong>do</strong>s." Estava lançada a sorte. 0 rei se decidira a<br />

pôr-se completamente <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de Roma De pronto foram tomadas medidas para a prisão de to<strong>do</strong>s os<br />

luteranos em Paris. Um pobre artífice, adepto da fé refor­ mada, que se havia acostuma<strong>do</strong> a convocar os<br />

crentes para as<br />

suas assembléias secretas, foi agarra<strong>do</strong> e, sob a ameaça de mor­te instantânea na fogueira, ordenou-selhe<br />

conduzir o emissário papal á casa de to<strong>do</strong>s os protestantes na cidade. Ele estremeceu de horror ante a<br />

vil proposta, mas finalmente o me<strong>do</strong> das chamas prevaleceu, a concor<strong>do</strong>u em se fazer trai<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s irmãos.<br />

Precedi<strong>do</strong> da hóstia, a rodea<strong>do</strong> de um séquito de padres, incensa<strong>do</strong>res, monges a solda<strong>do</strong>s, Morin, agente<br />

policial <strong>do</strong> rei, com o trai<strong>do</strong>r, vagarosa a silenciosamente passaram pelas ruas da cidade. Aquela<br />

demonstração era ostensivamente em honra ao "santo sacramento," um ato de expiação pelo insulto feito<br />

pelos protestantes à missa. Mas, por sob aquele espetáculo escondiase um propósito mortal. Chega<strong>do</strong><br />

defronte da casa de um luterano, o trai<strong>do</strong>r fazia um sinal, mas nenhuma palavra era proferida. 0 cortejo<br />

fazia alto, entravam na casa, a família era arrastada a acorrentada, e o terrível séquito prosseguia em<br />

procura de novas vítimas. "Não poupavam casa, grande ou pequena, nem mesmo os colégios da<br />

Universidade de Paris . . . Morin fez abalar toda a cidade . . . . Era o reina<strong>do</strong> <strong>do</strong> terror." - História da<br />

Reforma no Tempo de Calvino, de D'Aubigné.<br />

As vítimas foram mortas com tortura cruel, sen<strong>do</strong> ordena<strong>do</strong> especialmente que o fogo fosse abaixa<strong>do</strong>, a<br />

fim de prolongarlhes a agonia. Morreram, porém, como vence<strong>do</strong>res. Sua constãncia foi inabalável,<br />

imperturbada sua paz. Os persegui<strong>do</strong>res, impotentes para abalar-lhes a inflexível firmeza, sentiram-se<br />

derrota<strong>do</strong>s. "Os cadafalsos foram distribuí<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong>s os bairros de Paris, a as fogueiras arderam<br />

durante dias sucessivos, no intuito de, espalhan<strong>do</strong> as execuções, espalhar o terror da heresia. A<br />

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