para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro
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polissema 7 2007 127<br />
relação à poesia <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> h<strong>uma</strong>na, no extremo Oci<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Europa" (Eurico: 286; “notas”<br />
do autor).<br />
No entanto, o que mais aflora na largueza dos <strong>para</strong>textos, quase assumindo <strong>uma</strong><br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira obsessão, é o Herculano historiador, o cientista que alar<strong>de</strong>ia as suas fontes, o<br />
seu método e as suas perplexi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, tudo sacrificando ao que "imaginava ser um grave e<br />
severo estudo, um serviço à terra natal, <strong>da</strong>queles que se <strong>não</strong> pagam com títulos e<br />
con<strong>de</strong>corações, preço abjecto <strong>de</strong> infâmias e <strong>da</strong> corrupção política" (O Monge <strong>de</strong> Cister, v.<br />
2: 380).<br />
Da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> História ao fazer História<br />
Ao assumir, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, a missão romântica <strong>de</strong> refun<strong>da</strong>r, histórica e<br />
culturalmente, a nação portuguesa, ressarcindo-a <strong>da</strong> <strong>de</strong>cadência e dos <strong>de</strong>svios<br />
<strong>de</strong>snacionalizantes, Alexandre Herculano persegue esse <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato, já o vincámos,<br />
através <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> acção pe<strong>da</strong>gógica cujos instrumentos são a história e o<br />
romance histórico.<br />
É provável que a vocação <strong>de</strong> historiador tenha precedido a <strong>de</strong> romancista, pelo<br />
menos <strong>de</strong> forma latente, alimentando-se com os frutos colhidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o curso <strong>de</strong><br />
Diplomática, na Torre do Tombo, on<strong>de</strong> chegou a conhecer João Pedro Ribeiro e a<br />
respectiva <strong>obra</strong>, até aos contactos com bibliotecas e cartulários, no <strong>de</strong>sempenho do lugar<br />
que ocupou na Biblioteca Pública do Porto, e, <strong>de</strong>pois, na Real Biblioteca do Paço <strong>da</strong><br />
Aju<strong>da</strong>. Pelo caminho do exílio francês terá encontrado as <strong>obra</strong>s <strong>de</strong> Guizot e Thierry, mas<br />
também dos historiadores alemães que, todos eles, lhe servirão <strong>de</strong> inspiração e<br />
<strong>para</strong>digma. As páginas d’ O Panorama mostram bem a importância que Alexandre<br />
Herculano atribui à história e às restantes ciências h<strong>uma</strong>nas e sociais, e atestam a sua<br />
preocupação pelas problemáticas globais, muito <strong>para</strong> além <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> ciência<br />
histórica <strong>da</strong> época, cujo cientismo quase <strong>não</strong> permitia ultrapassar o estudo do mundo<br />
político, mesmo que teoricamente se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ssem visões mais alarga<strong>da</strong>s. Com efeito, se é