para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro
para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro
para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
215 polissema 7 2007<br />
enfatizados, por exemplo, através <strong>da</strong> anadilopse que <strong>de</strong>staca os dois po<strong>de</strong>res em<br />
confronto em Macau: “and a [Portuguese] watchforce. But then it is said, the Chinese too<br />
have a watchforce” (7), <strong>de</strong>marcando o discurso repetitivo um dos temas mais<br />
importantes, a vivência <strong>de</strong> Martha e <strong>da</strong>s mulheres anónimas do território, pelo que<br />
encontramos, duas vezes, o recurso à scesis onomaton, exprimindo i<strong>de</strong>ias através <strong>de</strong><br />
contínuas expressões sinónimas, n<strong>uma</strong> <strong>da</strong>s vezes associa<strong>da</strong>s à gra<strong>da</strong>ção (“Baby-little girl-<br />
young girl”, 23”) na fala <strong>de</strong> Thomas, que inicialmente consi<strong>de</strong>ra Martha <strong>uma</strong> criança e<br />
<strong>não</strong> <strong>uma</strong> adolescente, e noutra a um processo <strong>de</strong> metaforização gradual, igualmente<br />
eufemístico, que caracteriza as amantes abandona<strong>da</strong>s pelos oficiais ingleses (“these<br />
mistresses, these half-wives, these women of the shadows”, 34).<br />
3. “All things China fashion”: a tradição e o conservadorismo chineses face aos<br />
interesses oci<strong>de</strong>ntais<br />
For a Westerner - or for the West - to believe it is possible in anyway to influence China is<br />
chimerical [...] since China, like the sea, is a<strong>da</strong>mantine, and of unchanging nature. (Coates,<br />
1990a: 249).<br />
O conservadorismo ou a China fashion (CBP: 11, 15, 17, 21-22, 35, 39, 40, 45, 67,<br />
109, 129, 152-153, 167) <strong>de</strong> que os empregados se servem <strong>para</strong> recor<strong>da</strong>r aos ingleses que<br />
se encontram no Império do Meio e <strong>de</strong>vem respeitar os costumes locais torna-se <strong>uma</strong><br />
referência constante ao longo <strong>da</strong> caracterização <strong>da</strong> personagem colectiva chinesa. Earl H.<br />
Pritchard (2000:107), ao <strong>de</strong>screver as principais dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s relações entre britânicos<br />
e chineses, menciona a forma como o Império do Meio olha negativamente <strong>para</strong> todos os<br />
‘bárbaros’ estrangeiros, sobretudo os que <strong>não</strong> respeitam a sua tradição, atitu<strong>de</strong><br />
relaciona<strong>da</strong> com o constante apelo dos chineses ao China way e a sua incessante resposta<br />
em Pidgin English (“Me no thinke so”) junto dos ingleses, sendo o conservadorismo<br />
chinês referido por inúmeros viajantes anglófonos.