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para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

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polissema 7 2007 278<br />

estabiliza<strong>da</strong> apenas em <strong>uma</strong> re<strong>de</strong> cultural, que como a língua materna, <strong>não</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

apropria<strong>da</strong> como proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong>. Conseqüentemente, o indivíduo permanece na<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> portador <strong>de</strong> “direitos” à participação cultural. Do exposto, verificamos que<br />

os cordéis estu<strong>da</strong>dos mantém a mesma abor<strong>da</strong>gem comum aplicável a outros casos,<br />

como: um tópico importante <strong>para</strong> o poeta e seu público, no momento <strong>da</strong> ocorrência e <strong>de</strong><br />

seu registro; interrelação <strong>da</strong> persona do poeta com o público, com <strong>uma</strong> alternância do<br />

léxico, predominando o estilo urbano, com ocorrências regionais. Ambos os cordéis<br />

mantém <strong>uma</strong> visão didática sobre o lugar do negro na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> através <strong>da</strong> qual é<br />

<strong>de</strong>stacado o principal objetivo <strong>de</strong> elaboração: ensinar e aconselhar o negro a conhecer sua<br />

história <strong>de</strong> luta, interagindo o passado e o presente.<br />

Apesar dos programas oficiais e ações afirmativas que garantem igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

condições, o racismo biológico alia-se à falta <strong>de</strong> compromisso ético <strong>de</strong> <strong>uma</strong> classe média<br />

normalmente omissa, no que se refere às cama<strong>da</strong>s marginaliza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. A<br />

noção <strong>de</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira e o fenômeno <strong>da</strong> miscigenação biológica, <strong>de</strong>ntro do<br />

próprio grupo familiar tem constituído um elo <strong>de</strong> resistência à “compreensão” dos<br />

mecanismos discriminatórios realimentados constantemente. Como <strong>uma</strong> construção<br />

social e política, o racismo brasileiro fortalece os mecanismos <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

cama<strong>da</strong> significativa <strong>da</strong> população brasileira. Muitas são as ações e sugestões teóricas dos<br />

programas oficiais e ações afirmativas a serem <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente absorvi<strong>da</strong>s pela população<br />

marginaliza<strong>da</strong>. Certamente o problema constitui um <strong>de</strong>safio social que necessita um<br />

esforço coletivo, a fim <strong>de</strong> que as classes privilegia<strong>da</strong>s, ass<strong>uma</strong>m <strong>uma</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> posição<br />

predominantemente política, ou seja, coloquem-se ao lado <strong>da</strong> alteri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> que a<br />

subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos excluídos e seus direitos como ci<strong>da</strong>dãos sejam reconhecidos como um<br />

problema moral <strong>de</strong> um país que tem, em seu potencial biológico, elementos que po<strong>de</strong>rão<br />

transformá-lo, quem sabe um dia, em <strong>uma</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira <strong>de</strong>mocracia racial. Ao mesmo<br />

tempo, medi<strong>da</strong>s legais necessitam ser postas em prática, como um esforço conjunto <strong>da</strong>s<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s governamentais e políticas, <strong>para</strong> estas absorverem a questão como um<br />

problema <strong>de</strong> conjuntura e priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s nacionais, que perpassam diversos setores <strong>da</strong><br />

coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, especialmente a educação, a saú<strong>de</strong>, a distribuição <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>. Dessa forma,<br />

tais medi<strong>da</strong>s amenizariam o <strong>de</strong>semprego e a violência. Ambos atingem to<strong>da</strong>s as cama<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, sobretudo as mais humil<strong>de</strong>s.

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