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para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

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Se durante o período do Império Romano o tráfico foi consi<strong>de</strong>rável, após a sua<br />

que<strong>da</strong> regista-se <strong>uma</strong> significativa diminuição <strong>da</strong>do que a escravatura como fonte <strong>de</strong><br />

mão-<strong>de</strong>-<strong>obra</strong> passa a ter <strong>uma</strong> importância secundária, <strong>de</strong>ixando os escravos, por estarem<br />

mais confinados às activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s domésticas, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar na agricultura o papel que<br />

tinham tido anteriormente. A este fenómeno <strong>não</strong> serão estranhas, por um lado a influência<br />

do cristianismo e, por outro, a redução <strong>da</strong>s dimensões <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola, sendo o<br />

escravo transformado n<strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> colono adstrito à própria terra mediante a<br />

obrigação <strong>de</strong> a trabalhar, quer <strong>para</strong> seu próprio sustento, quer como forma <strong>de</strong> prestação<br />

serviços em trabalho ao senhor, o qual aos poucos foi sendo substituído por prestações<br />

em géneros. Desta forma a sua situação foi-se aproximando <strong>da</strong> dos camponeses livres,<br />

facto que po<strong>de</strong> conduzir a que se coloque a questão <strong>de</strong> a servidão medieva, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> <strong>obra</strong> n<strong>uma</strong> altura em que as guerras <strong>de</strong> conquista tinham<br />

diminuído e rareavam os cativos <strong>de</strong> guerra, ser <strong>uma</strong> a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong> escravidão à moral<br />

cristã.<br />

No que diz respeito ao tráfico europeu <strong>de</strong> escravos a situação até ao século XI era,<br />

na sua maior parte, a <strong>de</strong> exportação do resultado <strong>de</strong> razias <strong>para</strong> o mercado muçulmano do<br />

Mediterrâneo. A partir <strong>de</strong>sta altura, o progresso <strong>da</strong> Reconquista Cristã acarreta <strong>uma</strong><br />

inversão do sentido do tráfico, passando este a alimentar o mercado cristão com <strong>uma</strong><br />

importante fonte <strong>de</strong> cativos iure belli.<br />

Findo o confronto entre cristãos e muçulmanos o tráfico foi alimentado pela<br />

pirataria que, no caso <strong>de</strong> Portugal era dirigi<strong>da</strong> <strong>para</strong> o norte <strong>de</strong> África, arquipélago <strong>da</strong>s<br />

Canárias e costa <strong>de</strong> Grana<strong>da</strong>.<br />

A partir <strong>de</strong> 1415, com as incursões sucessivas no norte <strong>de</strong> África, o tráfico viria a<br />

conhecer um notável aumento, sem que, contudo, se possa afirmar terem sido os<br />

portugueses os iniciadores <strong>de</strong>ssa prática. Com efeito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os finais do século XIII, os<br />

mercadores <strong>da</strong>s repúblicas italianas intensificaram um tráfico organizado em que o<br />

escravo aparece <strong>não</strong> como inimigo capturado, mas sim como objecto <strong>de</strong> comércio. Assim<br />

o que se verificou a partir <strong>de</strong> meados do século XV, altura em que os portugueses se<br />

<strong>de</strong>dicaram ao trato na costa africana, foi, por um lado, a transferência <strong>de</strong>sse tráfico do

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