para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro
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176 polissema 7 2007<br />
Brodskiy, A. Voznessenski, E. Ievtuchenko, V. Vysotsky, A. Galich e, mais<br />
recentemente, “the Leningrad School of Poetry, the Moscow Conceptualism […] and the<br />
new postmo<strong>de</strong>rnist prose” (Latynina and Dewhirst: 236). Ao ler as suas <strong>obra</strong>s talvez<br />
possamos <strong>de</strong>scobrir que, afinal, como afirma Zelinski “l’âme russe reflète comme les<br />
eaux d’un lac le ciel, l’immensité infinite <strong>de</strong>s plaines russes, la rigueur du climat et le<br />
sentiment du <strong>de</strong>voir envers les hommes” (1973: 20) e que, <strong>para</strong>fraseando Mayakovsky, as<br />
raízes <strong>da</strong> sua escrita <strong>não</strong> po<strong>de</strong>m ser se<strong>para</strong><strong>da</strong>s do solo russo (Cf. 2001: 12).<br />
Vladimir Mayakovsky, se bem que tenha influenciado a produção, essencialmente<br />
poética, <strong>de</strong> muitos autores a nível mundial – <strong>de</strong> Louis Aragon a Hazim Hikmet – e que<br />
tenha merecido alg<strong>uma</strong> atenção <strong>da</strong> crítica literária portuguesa, cedo, contudo, caiu no<br />
esquecimento, ficando gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> <strong>obra</strong> <strong>da</strong>quele, <strong>de</strong> quem Pablo Neru<strong>da</strong> dizia que<br />
“his power, ten<strong>de</strong>rness and wrath remain un<strong>para</strong>lleled as mo<strong>de</strong>ls of poetic<br />
accomplishment” 1 , fora do alcance <strong>da</strong> maioria dos leitores.<br />
Breve Revisitação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Vladimir Maïakovski (1893-1930)<br />
Vladimir Mayakovsky foi quem, <strong>de</strong>ntro do mo<strong>de</strong>rnismo russo, mais se empenhou<br />
pela aceitação pública <strong>da</strong> arte <strong>de</strong> vanguar<strong>da</strong> e do inconformismo cultural.<br />
Nascido n<strong>uma</strong> al<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> Geórgia, no seio <strong>da</strong> família <strong>de</strong> um guar<strong>da</strong>-florestal,<br />
Mayakovsky estu<strong>da</strong>, a partir <strong>de</strong>1902, n<strong>uma</strong> escola na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Kutais, continuando a sua<br />
formação, mais tar<strong>de</strong>, em Moscovo, <strong>para</strong> on<strong>de</strong> se mu<strong>da</strong> <strong>de</strong>finitivamente com to<strong>da</strong> a<br />
família, após a morte do pai. Dois anos mais tar<strong>de</strong>, em 1908, Mayakovsky resolve <strong>de</strong>ixar<br />
os estudos, passando a <strong>de</strong>dicar-se totalmente à activi<strong>da</strong><strong>de</strong> revolucionária.Com apenas<br />
quinze anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, Mayakovsky entra <strong>para</strong> o partido bolchevique, entregando-se, <strong>de</strong><br />
alma e coração, a acções <strong>de</strong> propagan<strong>da</strong> política. Em 1909, é preso, começando a<br />
escrever versos pela primeira vez na prisão.<br />
Quando tinha <strong>de</strong>zoito anos, Mayakovsky inscreveu-se n<strong>uma</strong> aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> belas-<br />
artes, pois queria tornar-se pintor e, <strong>de</strong> facto, conservou <strong>uma</strong> visão pictórica do mundo<br />
também na poesia: as suas imagens <strong>não</strong> são inventa<strong>da</strong>s, são vistas. Via mais o mundo do<br />
1 Cf. Vladimir Maiakovski. Poems. Introdução <strong>de</strong> Victor Pertsov. 1976, p. 22.