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para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

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polissema 7 2007 138<br />

cresceram e amadureceram, fornecendo ao cientista as alfaias com que trabalha o seu<br />

néctar. Perante as limitações <strong>da</strong> primeira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oitocentos, compreen<strong>de</strong>-se que<br />

novela e história correspon<strong>da</strong>m aos dois instrumentos que servem o <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato<br />

herculaniano: completam-se entre si, procurando a novela retratar a vi<strong>da</strong> íntima dos<br />

homens, os recônditos do coração h<strong>uma</strong>no, cabendo à história urdir os fios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

política e social. Terminemos com <strong>uma</strong> síntese do próprio Herculano, um epitexto aos<br />

seus romances históricos, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro dilema <strong>de</strong> Clio:<br />

Novela, história, qual <strong>de</strong>stas duas cousas é a mais ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira? Nenh<strong>uma</strong>, se o afirmarmos<br />

absolutamente <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>las. Quando o carácter dos indivíduos ou <strong>da</strong>s nações é<br />

suficientemente conhecido, quando os monumentos, as tradições e as crónicas <strong>de</strong>senharem esse<br />

carácter com pincel firme, o noveleiro po<strong>de</strong> ser mais verídico do que o historiador; porque está<br />

mais habituado a recompor o coração do que é morto pelo coração do que vive, o génio do povo<br />

que passou pelo do povo que passa. Então <strong>de</strong> um dito ou <strong>de</strong> muitos ditos ele <strong>de</strong>duz um<br />

pensamento ou muitos pensamentos, <strong>não</strong> reduzidos à lembrança positiva, <strong>não</strong> traduzidos, até,<br />

materialmente; <strong>de</strong> um facto ou <strong>de</strong> muitos factos <strong>de</strong>duz um afecto ou muitos afectos, que se <strong>não</strong><br />

revelaram. Essa é a história íntima dos homens que já <strong>não</strong> são: esta é a novela do passado (O<br />

Panorama, v. 4, p. 243).<br />

Bibliografía<br />

América.<br />

Ban<strong>de</strong>t, Jean-Louis. 1989. A Literatura Alemã. Mem Martins: Publicações Europa-<br />

Bur<strong>de</strong>au, Georges. 1980. O Liberalismo. [Mem Martins]: Publicações Europa-América.<br />

Carvalho, Joaquim Barra<strong>da</strong>s <strong>de</strong>. 1971. As i<strong>de</strong>ias políticas e sociais <strong>de</strong> Alexandre<br />

Herculano. Lisboa: Seara Nova,.<br />

Carvalho, Joaquim Barra<strong>da</strong>s <strong>de</strong>. 1976. Da história-crónica à história-ciência. Lisboa:<br />

Livros Horizonte.<br />

Catroga, Fernando. 1982. "Ética e sociocracia: O exemplo <strong>de</strong> Herculano na geração <strong>de</strong> 70".<br />

Studium Generale: Estudos Contemporâneos. Porto: Centro <strong>de</strong> Estudos H<strong>uma</strong>nísticos. N.º 4, p. 9-<br />

68.

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