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para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

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250 polissema 7 2007<br />

A exposição feita até este momento po<strong>de</strong>rá apontar <strong>para</strong> a aceitação <strong>de</strong><br />

alg<strong>uma</strong>s <strong>da</strong>s reservas a que fiz menção anteriormente e que <strong>de</strong>finem a obediência a<br />

esquemas rimáticos pré-estabelecidos como <strong>uma</strong> po<strong>de</strong>rosa força <strong>de</strong>sestabilizadora do<br />

equilíbrio semântico <strong>de</strong> <strong>uma</strong> peça poética submeti<strong>da</strong> a processos <strong>de</strong> tradução, mas <strong>de</strong><br />

facto a análise com<strong>para</strong><strong>da</strong> <strong>da</strong>s quatro hipóteses apresenta<strong>da</strong>s mostra claramente que as<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e entraves à transferência <strong>de</strong> um código linguístico <strong>para</strong> outro <strong>não</strong> são tão<br />

somente originados pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> respeitar a rima. Os problemas <strong>de</strong> tradução<br />

mais graves que me foram <strong>da</strong>dos a observar apresentam-se-me como o resultado<br />

óbvio <strong>de</strong> <strong>leitura</strong>s e interpretações erróneas do original e até <strong>da</strong> <strong>não</strong>-compreensão cabal<br />

do significado <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados vocábulos, dos quais gostaríamos <strong>de</strong> salientar:<br />

Tradução A<br />

In what distant <strong>de</strong>eps or skies Em que infernos ou céus<br />

On what wings <strong>da</strong>re he aspire? Que asas há-<strong>de</strong> ele inventar?<br />

Dare its <strong>de</strong>adly terrors clasp? Afrontam garras fatais?<br />

When the stars threw down their spears, Quando as estrelas nasceram<br />

Tradução B<br />

In what furnace was thy brain? Qual a fornalha do cérebro cheia?<br />

What the anvil? what dread grasp? Qual a bigorna? qual o suporte?<br />

And when the stars threw down their<br />

spears,<br />

Tradução D<br />

Quando as estrelas os seus raios lançaram,<br />

Dare its <strong>de</strong>adly terrors clasp? Fez os males <strong>de</strong> que és capaz?<br />

When the stars threw down their spears, Quando os astros <strong>da</strong>r<strong>de</strong>jaram<br />

Did he smile his work to see? Ele, contente, sorri?<br />

A ausência do texto C nesta fase em que procurei <strong>de</strong>stacar exemplos flagrantes<br />

<strong>de</strong> escolhas erra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>ntes linguísticos no processo <strong>de</strong> tradução é a forma<br />

mais eloquente <strong>de</strong> salientar o que, a meu ver, é o produto final mais bem sucedido do<br />

corpus recolhido. Esta afirmação <strong>não</strong> <strong>de</strong>ve ti<strong>da</strong> como sinónimo <strong>de</strong> concordância total

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