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para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

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polissema 7 2007 227<br />

fe<strong>de</strong>ralistas <strong>de</strong> diversa índole alcançam maior vigor nas páginas dos periódicos<br />

portugueses e espanhóis <strong>da</strong> época, atiçando, entre o sector intelectual <strong>de</strong> então, fortes<br />

reacções nacionalistas e alimentando <strong>uma</strong> polémica que ficaria conheci<strong>da</strong> como a<br />

“Questão Ibérica” 6 .<br />

A geração <strong>de</strong> 70 <strong>não</strong> po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>scurar um assunto que a apaixonará pela sua riqueza<br />

i<strong>de</strong>ológica e mítica, <strong>de</strong> pendor saborosamente retórico. Com maiores ou menores<br />

oscilações i<strong>de</strong>ológicas, aqueles que, anos mais tar<strong>de</strong> se auto-intitularão <strong>de</strong> “Vencidos <strong>da</strong><br />

Vi<strong>da</strong>”, afirmarão, a diversos ensejos, posições que se irão burilando ao longo do tempo,<br />

a<strong>da</strong>ptando-se circunstancialmente ao contexto histórico e à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> político-social ou,<br />

como em Oliveira Martins, dirimindo-se pela noção <strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> histórica e geográfica<br />

e <strong>de</strong> voluntarismo histórico 7 .<br />

Esquadrinhar diversos elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe, rejeitando qualquer abor<strong>da</strong>gem<br />

unívoca e parcelar, será neces<strong>sá</strong>rio <strong>para</strong> <strong>uma</strong> ampla compreensão <strong>da</strong>s posições que<br />

Ramalho <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rá nesta polémica. Os textos que reunimos como corpus <strong>de</strong> estudo e<br />

análise são constituídos grosso modo por artigos publicados n’As Farpas ou então<br />

pontualmente em periódicos com os quais Ramalho colaborava. As abor<strong>da</strong>gens que o<br />

vemos fazer <strong>de</strong>sta temática vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações epistemológico-teóricas sobre o<br />

fe<strong>de</strong>ralismo, a reacções acerbas e fervorosas contra artigos <strong>de</strong> célebres <strong>de</strong>fensores do<br />

Iberismo, passando ain<strong>da</strong> por breves referências a encontros entre portugueses e<br />

espanhóis, ou críticas “farpea<strong>da</strong>s” às comemorações patrióticas do 1º <strong>de</strong> Dezembro.<br />

6 Conceição Meireles compulsou os periódicos portugueses e espanhóis <strong>da</strong> altura e <strong>de</strong>screve-nos<br />

minuciosamente todos os actores e as diversas facetas <strong>de</strong>sta polémica na sua tese <strong>de</strong> Doutoramento,<br />

apresenta<strong>da</strong> em 1995, à Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Porto. MEIRELES, Maria <strong>da</strong> Conceição<br />

(1995), A Questão Ibérica – Imprensa e Opinião (1850-1870), Porto, Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do Porto, 2 vols.<br />

7 Muitos dos membros <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> 70 <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o fe<strong>de</strong>ralismo. Tal é o caso <strong>de</strong> Oliveira Martins que<br />

perante o Ultimatum britânico consi<strong>de</strong>rava prioritária a aliança com Espanha: “A única aliança fecun<strong>da</strong>,<br />

natural e duradoira é a <strong>da</strong> Espanha. Concorreu a cimentá-la a afini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> origem dos dois povos, a<br />

i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> história e <strong>de</strong> costumes, a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> do território e a penetração <strong>da</strong>s relações recíprocas<br />

aumentando diariamente”. (A Província, Janeiro 1890). Da mesma forma, os republicanos, como Teófilo<br />

<strong>de</strong> Braga, fizeram do fe<strong>de</strong>ralismo <strong>de</strong> matriz proudhoniana, o i<strong>de</strong>al mais propalado do republicanismo<br />

português. Antero <strong>de</strong> Quental sustentou o iberismo como república fe<strong>de</strong>ral, mas veio mais tar<strong>de</strong> a<br />

classificá-lo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ilusão. Já Eça era ironicamente <strong>de</strong>tractor <strong>de</strong> qualquer i<strong>de</strong>ia unionista…

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