09.05.2013 Views

para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

30 polissema 7 2007<br />

<strong>de</strong>sesperanças dos homens comuns no governo do Marechal Floriano Peixoto iniciado em<br />

1892, final do XIX e, que se esten<strong>de</strong>ra até 1924, primeiros anos do século XX.<br />

Intensamente envolvido pelo clima nervoso <strong>da</strong> época, o romance escrito em 1915, expõe<br />

com niti<strong>de</strong>z: o caminhar <strong>de</strong> um homem comum na construção <strong>de</strong> sua digni<strong>da</strong><strong>de</strong>, a sua<br />

inserção num movimento coletivo com vistas à tentativa <strong>de</strong> construção <strong>da</strong> nação<br />

brasileira.<br />

Construindo o sonho<br />

No romance Triste Fim <strong>de</strong> Policarpo Quaresma, os recursos utilizados pelo<br />

autor/narrador conduzem o leitor a <strong>uma</strong> viagem imaginária pelo passado (séc. XIX). Seus<br />

personagens, aportados no tempo comentam episódios cotidianos <strong>da</strong> época e o autor faz<br />

com maestria <strong>uma</strong> re<strong>leitura</strong> do inicio <strong>de</strong> os tempos mo<strong>de</strong>rnos no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Apesar<br />

dos personagens, <strong>de</strong> os episódios narrados serem construções ficcionais, nos lembram<br />

personagens, diálogos e espaços que nos remetem a história do país, no alvorecer <strong>da</strong><br />

Primeira República. Assim, embora Lima Barreto teça, os fios <strong>da</strong> narrativa do seu<br />

romance com adornos <strong>de</strong> ficção, esse <strong>não</strong> per<strong>de</strong> o seu valor histórico, ele se am<strong>para</strong> na<br />

verossimilhança.<br />

Lima Barreto, ao tecer a intriga <strong>de</strong> seu romance construiu como principal narrador,<br />

o personagem Policarpo Quaresma, homem simples, metódico, funcionário público que<br />

fora agraciado com o título <strong>de</strong> Major, como milhares <strong>de</strong> outros brasileiros <strong>da</strong> época<br />

percebia a República como “estágio <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>”, <strong>da</strong> “civilização” e <strong>da</strong><br />

“h<strong>uma</strong>nização” – princípios <strong>da</strong> filosofia comtiana que já se alastrara no país.<br />

A recente se<strong>para</strong>ção política <strong>de</strong> Portugal intensificava esse sentimento ufanista, e a<br />

euforia transformava-se em instrumento <strong>de</strong> afirmação e justificativa i<strong>de</strong>ológica <strong>para</strong> o<br />

projeto nacional que as elites já montavam <strong>para</strong> o país. Na terra <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s tudo<br />

estava <strong>para</strong> ser feito, e a linguagem tinha <strong>de</strong> ser a <strong>de</strong> celebração. O advento <strong>da</strong> República<br />

simboliza a vitória do cosmopolitismo no Rio <strong>de</strong> Janeiro, a reorganização <strong>da</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!