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para uma leitura não-biográfica da obra de mário de sá-carneiro

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267 polissema 7 2007<br />

mesma <strong>de</strong>ca<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro do <strong>de</strong>bate sobre a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional brasileira, o nome do poeta<br />

afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, um dos principais exponentes <strong>da</strong> Semana <strong>de</strong> Arte<br />

Mo<strong>de</strong>rna (1922), é bastante significativo no estudo <strong>da</strong>s tradições populares, e <strong>de</strong> suas<br />

representações, no que se refere à revalorização <strong>da</strong>s culturas subalterniza<strong>da</strong>s,<br />

principalmente a indígena e afro-brasileira que perpassam to<strong>da</strong> a produção poética e em<br />

prosa (1918-1945). Entre to<strong>da</strong>s as <strong>obra</strong>s, <strong>de</strong>staque-se a rapsódia, Macunaíma: um herói<br />

sem nenhum caráter. Da déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1930 `a <strong>de</strong> 1940, <strong>de</strong>vem-se a Luís <strong>da</strong> Câmara<br />

Cascudo estudos relevantes sobre a teoria folclórica brasileira e a sua correlação com as<br />

raízes ibéricas. Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970 proce<strong>de</strong>u-se, também `a organização do acervo <strong>da</strong><br />

Fun<strong>da</strong>ção Casa <strong>de</strong> Rui Barbosa, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, por iniciativa do prof. Thiers Martins<br />

Moreira, diretor do centro <strong>de</strong> pesquisa pela influência <strong>de</strong> escritores como Orígenes Lessa,<br />

Manuel Cavalcanti Proença e do antropólogo social Manuel Diégues Júnior. Muitas<br />

outras fontes bibliográficas contemporâneas são também lista<strong>da</strong>s no recente trabalho do<br />

brasilianista Mark Curran História do Brasil em Cor<strong>de</strong>l.<br />

Outras fontes teóricas po<strong>de</strong>riam ser também anexa<strong>da</strong>s à lista; entretanto, <strong>para</strong> <strong>não</strong><br />

fugirmos à especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> que nosso trabalho <strong>de</strong>seja alcançar, <strong>de</strong>stacamos um aspecto<br />

aspectos fun<strong>da</strong>mental: a gran<strong>de</strong> maioria dos estudos teóricos permanecem fiéis às<br />

abor<strong>da</strong>gens metodológicas que se afastam <strong>de</strong> recortes antropológicos, em especial o<br />

problema sociológico do negro e a sua vinculação com os personagens <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l e a sua<br />

correlação com categorias predominantemente literárias. Tais ocorrências <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser<br />

privilegia<strong>da</strong>s por duas razões: a primeira é o do cânone na literatura tradicional e sua<br />

orientação <strong>de</strong> estudos que homogeneizam a literatura como um todo, influenciando <strong>de</strong>ssa<br />

maneira o estudo <strong>da</strong> literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l, como <strong>uma</strong> produção <strong>da</strong>s classes subalterniza<strong>da</strong>s,<br />

sem especificar as diferenças <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa produção. Dessa forma, a gran<strong>de</strong> maioria dos<br />

pesquisadores “minimizam” o problema. A outra diz respeito `a gran<strong>de</strong> maioria dos<br />

poetas nor<strong>de</strong>stinos que <strong>não</strong> se consi<strong>de</strong>ram epidérmica, e politicamente como negros,<br />

motivados pela própria história <strong>de</strong> discriminação racial e segregação social do negro na<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira. Assim, os textos em cor<strong>de</strong>l, em sua gran<strong>de</strong> maioria reproduzem<br />

certos estereótipos presentes também `a literatura tradicional pondo em questão o<br />

problema <strong>de</strong> representação e autori<strong>da</strong><strong>de</strong>. O nosso trabalho, ao contrário, <strong>de</strong>staca a<br />

produção <strong>de</strong> um poeta popular que se i<strong>de</strong>ntifica com o negro, um aspecto pouco

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