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A CULTURA E SEU CONTRÁRIO TC def.pmd

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obra, outro para outra obra; pouco funciona sobre o molde da<br />

racionalidade convencional: é abdutivo (modo do pode ser: pode ser<br />

assim ou pode ser deste outro modo), não dedutivo, nem indutivo<br />

(dado isto, deve ser aquilo: se era um mouro, então deve vestir-se de tal<br />

modo). O programa para a arte é específico: cada programa serve para<br />

uma obra. O programa para a cultura é genérico: um mesmo programa<br />

serve para várias manifestações daquela cultura.<br />

SOCIALIDADE<br />

(Efeito de D)<br />

reconforto (tranquilizar); identitário<br />

estabilidade, integração assistência social<br />

(localizar-se) cuidar do outro<br />

(virtudes gregárias)<br />

risco, inseguridade<br />

instabilidade<br />

indiferença pelo outro<br />

(virtus)<br />

Uma obra de cultura que é útil e comunicativa tem a finalidade<br />

social de reconfortar (tranquilizar: reassegurar: dar firmeza: reafirmar:<br />

confirmar, firmar com, firmar junto com; permitir que o indivíduo se<br />

localize, encontre um lugar): cultura traz estabilidade para a<br />

comunidade e para o indivíduo que precisa em algum momento, menos<br />

ou mais, sentir-se em terreno conhecido: a cultura integra o social a si<br />

mesmo e cada um (dos que aceitam integrar-se) ao coletivo: neste<br />

foco, a cultura é uma questão de assistência social: a cultura cuida:<br />

cuida do outro: a cultura cuida de localizar cada um no interior do<br />

coletivo compartido, atribui um lugar (a quem o procura, o aceita, com<br />

ele se con-forma, a quem assume o formato que a cultura lhe dedica).<br />

A cultura dá a si mesma uma identidade e a projeta no outro, que a<br />

receba e se tranquiliza. A obra de arte é uma obra de risco: (a cultura da<br />

obra de arte é uma cultura de risco, uma cultura do risco: mas não seria<br />

possível falar numa cultura do risco, numa cultura marcada pelo risco, a<br />

não ser na atual linguagem frouxa e vaga quando o objeto de referência<br />

é a cultura, uma vez que cultura e risco são termos antitéticos: cultura é<br />

o contrário do risco, fazendo uma obra de cultura ou me expondo a<br />

uma não corro risco algum: posso correr um risco econômico, o mesmo<br />

em que se incorre na produção de uma obra de arte, mas não corro um<br />

risco diante do código da cultura, não coro um risco social (um risco<br />

diante da sociedade, um risco provocado pela sociedade). O jogo (o<br />

jogo do bicho, o bingo, esse signo do Brasil contemporâneo no início<br />

de século 21 em sua governabilidade ou ingovernabilidade, na sua<br />

permissão e na sua proibição) só pode ser dito cultural segundo o código<br />

igualmente frouxo da antropologia, para a qual cultura é tudo e tudo é<br />

cultura: esse código não serve: o jogo é o contrário da cultura:<br />

desconforta, desestabiliza, desintegra, não cuida do outro: procura a<br />

derrota do outro: se os governos querem argumento para proibir o<br />

“<strong>CULTURA</strong> É A REGRA; ARTE, A EXCEÇÃO” 133<br />

informal<br />

aberto<br />

plural

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