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A CULTURA E SEU CONTRÁRIO TC def.pmd

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afirmativa da identidade na cultura. Essa identidade na cultura é<br />

abrangente, no mínimo particular (de um grupo, de uma comunidade)<br />

quando não universal: seu programa, sua política correspondente<br />

(política: ponte entre a obra e o público, entre a obra e seu produtor,<br />

entre o produtor e as condições de produção, ponte para multiplicar o<br />

público, as obras e seus produtores) será metafórica: fala de longe<br />

sobre uma identidade, fala sobre essa identidade desde longe, leva<br />

longe essa identidade no tempo e no espaço. O programa para a obra<br />

de arte será metonímico, intimamente ligado à obra à qual se refere: a<br />

identidade, aqui, só pode ser abordada de perto, aqui onde a obra se dá:<br />

não tem valor longe, à distância, transposta para outro tempo e outro<br />

espaço: não é transponível. Penso na instalação, como exemplo. Penso<br />

no teatro do aqui-e-agora, como o de Grotowski em Apocalypsis cum<br />

figuris, representado na década de 70 numa pequena ilha desabitada<br />

ao largo de Veneza, no interior de uma edificação precária aonde o<br />

“público” chegava depois de viajar num vaporetto por uma dezena de<br />

minutos e depois de andar pelo meio do mato por outro tanto,<br />

edificação na qual o público a rigor não mais é público pois participa da<br />

vivência de uma representação efetivada pelos, pelos “atores” (porque<br />

já quase não o são mais, dado que vivem a cena tanto quanto a<br />

representam), vivência que não mais se repetirá se essa “peça”, que é<br />

menos ainda um espetáculo pois quase não se dá a ver dentro de uma<br />

edificação sem luz elétrica, for depois repetida no palco de um teatro<br />

normal — mas essa peça não pode ser repetida. O sentido está preso<br />

àquela obra, naquele local, naquela noite, naquela circunstância:<br />

metonímia.<br />

E a identidade na obra de arte não se repete (a identidade artística<br />

do produtor pode cambiar ao longo de sua trajetória), embora possa<br />

ser identificável — embora possa apresentar-se como uma identidade:<br />

de fato, como essa identidade pode cambiar, o processo a rigor é de<br />

identificação, ação da identidade, processo de substituição ou de<br />

encadeamento de uma identidade por outra. Na cultura, a identidade<br />

é repetível ao infinito ou, em todo caso, por um período indeterminado<br />

mas certamente longo...<br />

TEMPORALIDADE<br />

(Duração de D)<br />

(D)<br />

TEMPORALIDADE<br />

(Função no tempo)<br />

duradoura<br />

(caso radical:<br />

folclore)<br />

continuidade<br />

épico efêmera<br />

(caso radical:<br />

performance)<br />

interrupção<br />

“<strong>CULTURA</strong> É A REGRA; ARTE, A EXCEÇÃO” 143<br />

trágico

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