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A CULTURA E SEU CONTRÁRIO TC def.pmd

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antitéticas. (O colecionismo é uma aberração: público ou privado.<br />

Deliciosa perversão, talvez, mas perversão.)<br />

DESENHO<br />

PRINCÍPIO<br />

ORGANIZATIVO<br />

DO DISCURSO<br />

(D, d)<br />

RITUAL<br />

geométrico, binário<br />

oposicional<br />

formalista<br />

absolutista<br />

intervenção<br />

(coordenação)<br />

piramidal<br />

modal<br />

posicional<br />

informal<br />

O ritual do processo da cultura é formal e formalista: só assim se<br />

pode entender e talvez aceitar que um desfile de escola de samba receba<br />

notas por quesitos individualmente identificáveis (bateria, mestre-sala,<br />

porta-bandeira): todos os quesitos devem ter sido atendidos e<br />

conforme tenham sido atendidos, receberão uma nota. O processo da<br />

arte é informal: se não é bem tudo vale, muita coisa vale. Ir a um concerto<br />

é um ritual: um ato de cultura, não de arte: a arte está no palco (por<br />

vezes, na minha relação com aquilo que se dá no palco). A execução de<br />

uma sinfonia é uma obra de arte: às vezes mais informal que o ato de<br />

assisti-la (apesar de tudo): como maestro, posso propor a execução de<br />

uma obra deste modo ou daquele modo; não de qualquer modo mas<br />

dentro de uma variação admissível; na arte contemporânea, a variação<br />

admissível é vasta. O programa (a política cultural) para uma obra formal<br />

é vertical, na variante piramidal; o programa para a arte é horizontal:<br />

entra-se nela por vários pontos que não são, uns, mais obrigatórios<br />

que outros. Daí, quase, a impossibilidade de um tratado de estética,<br />

ainda mais na contemporaneidade: Voltaire já sabia disso em seu tempo:<br />

Lukacs, dois séculos depois, ignorou a advertência do francês e propôs<br />

uma Estética, apenas explicável (mas não justificável) pelo autoritarismo<br />

medular que sustentava Lukacs e sua escola de pensamento. (Na<br />

contemporaneidade, as Histórias da arte substituem as Estéticas; mais<br />

comumente, o que promove essa substituição são as Histórias Sociais<br />

da arte, como a de Arnold Hauser, que são propriamente Histórias<br />

Culturais da arte e que, por vezes, operam a culturalização da arte, a<br />

transformação da arte em cultura (ou por inconsciência, isto é, por<br />

submissão ao paradigma imperante à época, ou intencionalmente, por<br />

um desejo nem sempre oculto de controlar a arte assim como se<br />

controla a cultura, assim como a cultura controla a si mesma.)<br />

“<strong>CULTURA</strong> É A REGRA; ARTE, A EXCEÇÃO” 145<br />

relativista<br />

cooperação<br />

horizontal

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