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uma delegação do Estado daquilo que foi considerado um dever senão<br />
um monopólio do Estado. É verdade que tivemos muita sorte com os<br />
recursos humanos do SESC que hoje temos, e de que é exemplo<br />
destacado o caso de São Paulo. Poderia ter dado errado, poderia ter<br />
dado muito errado. O SESC poderia facilmente ter-se tornado, como<br />
estava de certo modo previsto, o braço cultural de um estado fascista,<br />
o braço cultural de todos os fascismos que tivemos. Com isso quero<br />
dizer que, do ponto de vista de sua origem, <strong>def</strong>inida pelo Estado e na<br />
sua dependência para continuar saudável economicamente e<br />
produtivo, o exemplo do SESC não é o melhor. Um acidente da história,<br />
como os muitos que acontecem, o salvou. Talvez, e digo talvez porque<br />
o retrocesso sempre é possível, o sucesso de sua fórmula possa proporse<br />
em embrião de um modelo de Estado para a sociedade civil na cultura<br />
ou, nos termos da Agenda 21, de modelo para o atendimento<br />
equilibrado dos interesses públicos e privados. Um modelo que vale a<br />
pena preservar, emular, aprimorar. É um modelo muitas vezes mais<br />
estimulante que todos aqueles que se pode encontrar na história da<br />
política cultural brasileira feita diretamente pelo Estado. É um modelo<br />
que não esgota todas as possibilidades e que não contempla o<br />
atendimento a todas as subjetividades. Não deve ser, portanto, um<br />
modelo que elimine as complementaridades. Mas, se há ou deve haver<br />
um Estado para a sociedade civil no campo da cultura, sua <strong>def</strong>inição<br />
passa pela compreensão do papel de entidades como o SESC.<br />
UMA <strong>CULTURA</strong> PARA O SÉCULO 85