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A CULTURA E SEU CONTRÁRIO TC def.pmd

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Esse ritual organiza-se de modo estrito por oposição: uma coisa<br />

tem seu próprio valor que, numa escala, é distinto de outro e a esse se<br />

opõe. Na arte, o modo de organização é posicional: o valor não está na<br />

coisa em si mas na posição que ela ocupa (no conjunto), podendo mudar<br />

de valor conforme a posição que assumir (na cultura, essa<br />

maneabilidade é impensável). Para uma obra oposicional, o programa<br />

(a política cultural) é de tipo intervencionista: intervenho para dizer<br />

onde as coisas estão, onde devem estar; no máximo, é um programa<br />

de coordenação: coordenar o modo de aproximação da obra. Para a<br />

obra posicional de arte, o programa é de cooperação: coopera para<br />

que se chegue ao objetivo que a obra traça para si: não pode haver<br />

intervenção, nesse caso.<br />

E o desenho — virtual, mas frequentemente bem mais material do<br />

que se possa pensar — que a obra de cultura forma é rígido,<br />

esquemático, geométrico, de tipo binário: ou isso ou aquilo. O programa<br />

para esse desenho é de tipo absoluto: não admite variações. Para uma<br />

obra cuja lógica é modal (conforme ao modo particular e variável de<br />

execução) e posicional, como a obra de arte, o programa é sempre<br />

relativo e relativista: depende de como será acionado, por quem, onde,<br />

como, quando...<br />

ÉTICA transcendente<br />

universalista<br />

(de fato universal ou<br />

universal dentro do<br />

particular)<br />

ética para o outro;<br />

moral<br />

146 A <strong>CULTURA</strong> E <strong>SEU</strong> <strong>CONTRÁRIO</strong><br />

sociológico imanente<br />

singularista;<br />

ética interior,<br />

de procedimientos<br />

estético<br />

Ética não é moral e com moral não se confunde. Ética são os<br />

procedimentos próprios de um sujeito em relação a seu objeto e em<br />

relação a outros eventuais sujeitos: são as relações específicas<br />

estabelecidas entre um sujeito e seu objeto: são o conjunto de<br />

aspirações e operações do sujeito em relação a seu objeto: são os<br />

deveres do sujeito mas são seus desejos: são suas vinculações mas é<br />

sua liberdade. E então: a ética da obra de cultura é transcendente: não<br />

se esgota na obra, não se limita à obra mas a extravaza, a transborda<br />

em direção ao maior número fora dela mas também em direção ao<br />

passado e ao futuro, a este território e a outros territórios. Observando<br />

a ética sob o ângulo da socialidade em seu efeito de reconforto e em<br />

seu efeito identitário: sua ética é transcendente, quer dizer, é uma ética<br />

que retroage ao passado para ali buscar e afirmar o princípio de<br />

reconforto que é a identidade e que se projeta no futuro para afirmar

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