<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> Os projectistas consultados receberam indicações precisas apenas quanto ao traçado e nós <strong>de</strong> ligação. Nada lhes foi transmitido sobre os critérios e parâmetros para a subsequente or<strong>de</strong>nação e selecção dos projectos. O Júri que, no IEP, apreciou as propostas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, reconheceu a valia técnica <strong>de</strong> todas elas. Mas perante a in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> critérios para a seriação das propostas, <strong>de</strong>cidiu pru<strong>de</strong>ntemente não <strong>de</strong>cidir. Apenas as or<strong>de</strong>nou segundo diferentes critérios: ora estéticos e paisagísticos, ora económicos. Por acordo entre a ex-JAE e a CM Coimbra, a responsabilida<strong>de</strong> pela seriação e apuramento do vencedor foi então transferida para uma comissão <strong>de</strong> peritos, ainda que não especificamente em pontes. Esta Comissão apreciou as diferentes concepções apresentadas pelos Projectistas, com base em parâmetros <strong>de</strong>finidos posteriormente à entrega das propostas. A apreciação global efectuada por este grupo <strong>de</strong> trabalho recomendou que fosse seleccionado o concorrente Grid, Ld.ª, tendo, em consequência, sido pela ex-JAE adjudicado o Projecto <strong>de</strong> Execução da Ponte Europa àquele gabinete projectista. A concepção sobre a qual recaiu a escolha do dono <strong>de</strong> obra foi a <strong>de</strong> uma ponte <strong>de</strong> tirantes com mastro único, sendo o sistema <strong>de</strong> suspensão composto por uma suspensão axial do vão principal <strong>de</strong> 187 m e dois planos <strong>de</strong> tirantes <strong>de</strong> retenção (cf. figura 1). É a seguinte a argumentação que justifica a opção pela proposta mais complexa e cinco vezes mais cara que a mais económica: «(…) a sua concepção foi indissociável do entendimento <strong>de</strong> que a função da ponte não podia ser exclusivamente a <strong>de</strong> “levar” o tráfego <strong>de</strong> uma margem para a outra, mas esta teria <strong>de</strong> constituir um equipamento urbano <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong> para o lazer da população. Esta <strong>de</strong>veria constituir um elemento <strong>de</strong> valorização da paisagem, assegurando o a<strong>de</strong>quado equilíbrio com o espaço envolvente, nomeadamente com o rio e as suas próprias margens.» (cf. Nota Técnica <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> <strong>2004</strong> da Direcção <strong>de</strong> Empreendimentos 7 remetida ao SEOP). «A curvatura do rio, a assimetria das margens e obstrução visual que eventuais tirantes podiam ocasionar, sugerem opção pela solução <strong>de</strong> pontes <strong>de</strong> tirantes assimétricas, <strong>de</strong> suspensão axial, com o único mastro inclinado situado na margem esquerda, <strong>de</strong> forma a interagir com o rio, “o qual roda em torno <strong>de</strong>ste». «Estes conceitos <strong>de</strong> inserção e transparência são reforçados pelos do tabuleiro, em solução mista betão – aço, treliçada, o qual reforça a esbelteza e harmonia do conjunto». «Esta solução, executado por pré-fabricação, confere um cariz inovador à obra, indissociável do seu nome. Permite ainda resolver <strong>de</strong> forma satisfatória o problema da integração do passeio <strong>de</strong> peões, os quais circularão na sua laje inferior, separados do tráfego rodoviário, ace<strong>de</strong>ndo a esta plataforma a partir <strong>de</strong> rampas [com a altura <strong>de</strong> um prédio <strong>de</strong> cinco andares], instaladas nos tramos <strong>de</strong> margem. Ficará assim assegurada a continuida<strong>de</strong> dos percursos pedonais a criar nas margens do rio, <strong>de</strong>correntes do Projecto do Parque Ver<strong>de</strong> do Mon<strong>de</strong>go, da iniciativa da Câmara Municipal <strong>de</strong> Coimbra». Mesmo que se comungue da subjectivida<strong>de</strong> da argumentação <strong>de</strong>senvolvida – a posteriori – para a selecção efectuada, dificilmente a distância visual para as restantes propostas explicará a opção pelo risco da solução mais complexa e a opção por um preço cinco vezes superior ao menor (cf. figuras 16 a 19). 63
<strong>Auditoria</strong> <strong>de</strong> Gestão Financeira ao Programa / Projecto PIDDAC “Estradas Nacionais” Sub-programa “Via <strong>de</strong> Cintura Sul <strong>de</strong> Coimbra – Ponte Europa” Solução A Solução C Figura 16 – Secções pré-fabricadas do tabuleiro Figura 17 – Propostas <strong>de</strong> Grid – Consultas, Estudos e Projectos <strong>de</strong> Engenharia, Ld.ª Solução E 64 Solução B Solução D