Relatório de Auditoria nº 28/2004 - 2ª Secção - Tribunal de Contas
Relatório de Auditoria nº 28/2004 - 2ª Secção - Tribunal de Contas
Relatório de Auditoria nº 28/2004 - 2ª Secção - Tribunal de Contas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Auditoria</strong> <strong>de</strong> Gestão Financeira ao Programa / Projecto PIDDAC “Estradas Nacionais” Sub-programa “Via <strong>de</strong> Cintura Sul <strong>de</strong> Coimbra – Ponte Europa”<br />
O confronto <strong>de</strong> valores evi<strong>de</strong>nciados nos quadros 16 e 17, mostra que era fraca a credibilida<strong>de</strong> dos<br />
valores reclamados pelo adjudicatário.<br />
Enquanto não foi substituído o projectista e assistente técnico, o adjudicatário não logrou mais que<br />
uma facturação adicional – sobre o valor adjudicado – <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> € 12 milhões.<br />
Com a substituição do projectista, a sua facturação, fora do valor adjudicado, foi <strong>de</strong> mais € 32 milhões,<br />
sendo certo que à Grid só po<strong>de</strong>rão ser imputadas responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gestão por € 12,26 milhões (cf.<br />
quadro 14) ou € 3,13 milhões (cf. quadro 15), consoante se consi<strong>de</strong>re ter sido inevitável, por ameaça<br />
<strong>de</strong> colapso da ponte, ou dispensável a substituição do projectista que ocorreu no <strong>de</strong>curso da obra.<br />
É difícil apurar as consequências <strong>de</strong>sta pressão temporal sobre os custos adicionais da obra, mas é<br />
inquestionável que redundou em benefício do adjudicatário.<br />
Salvo o caso <strong>de</strong> inevitabilida<strong>de</strong> da mudança <strong>de</strong> projectista, por eminência do colapso da ponte, a<br />
substituição <strong>de</strong>ste, nos termos em que ocorreu, foi proveitosa para o adjudicatário. Ren<strong>de</strong>u-lhe, à custa<br />
do erário público, cerca <strong>de</strong> € 17,42 milhões, ou seja, 45 % do valor <strong>de</strong> adjudicação. Permitiu-lhe<br />
realizar o almejado objectivo <strong>de</strong> inversão da rentabilida<strong>de</strong> negativa da empreitada.<br />
O IEP, nas suas alegações (págs. 4), salientou que «(...) do <strong>Relatório</strong> o que sobressai com clareza é que os<br />
senhores auditores se inclinam claramente para uma posição que favorece o projectista ao afirmar que o<br />
cenário mais “provável” (sic., a p.14 do <strong>Relatório</strong>) era o da dispensabilida<strong>de</strong> da mudança <strong>de</strong> projectista e do<br />
processo construtivo por este proposto, <strong>de</strong>svalorizando-se sem razões <strong>de</strong> plausibilida<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte, as conclusões<br />
da Comissão <strong>de</strong> Revisão (integrada por técnicos <strong>de</strong> inegável competência, a par, <strong>de</strong> resto, da reputação do<br />
autor do projecto) e as da Inspecção-Geral das Obras Públicas Transportes e Comunicações (IGOPTC)<br />
constantes do relatório conclusivo do inquérito <strong>de</strong>terminado pelo Sr. Ministro das Obras Públicas, Transportes<br />
e Habitação».<br />
Ora, o que <strong>de</strong>terminou a mudança do projectista foi a ameaça <strong>de</strong> colapso da Ponte.<br />
A GRID e a GREISH apresentaram <strong>de</strong>monstração técnica e matemática concluindo que o colapso da<br />
Ponte sempre esteve fora <strong>de</strong> questão, carecendo <strong>de</strong> fundamento as conclusões da Comissão <strong>de</strong> Revisão<br />
por estarem incorrectos os cálculos que as suportavam.<br />
Por seu turno, o relatório da IGOPTC não apresenta quaisquer cálculos nem fundamentação técnica ou<br />
matemática que permitisse suportar a conclusão da ameaça <strong>de</strong> colapso da Ponte.<br />
O Projectista em causa não apresentava no seu curriculum qualquer inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta natureza ou<br />
gravida<strong>de</strong>.<br />
Face à inexistência <strong>de</strong> uma terceira opinião <strong>de</strong> entida<strong>de</strong> idónea (por ex. do LNEC), concluiu-se, num<br />
processo exaustivamente analisado, que a ameaça <strong>de</strong> colapso, a existir, teria sido seguramente<br />
ultrapassada caso o Projectista inicial fosse confrontado com o trabalho <strong>de</strong>senvolvido pela Comissão<br />
<strong>de</strong> Revisão.<br />
Aliás, nem outro sentido parece ter a referência dos autores da Revisão do Projecto no relatório<br />
preliminar apresentado em Janeiro <strong>de</strong> 2003, no qual concluem “(…) reiterando o pedido já formulado <strong>de</strong><br />
ser rapidamente esclarecido junto do autor do projecto, a intervenção que a pedido do IEP estamos a ter, por<br />
forma a que fiquem salvaguardados os princípios <strong>de</strong>ontológicos que sempre respeitámos”.<br />
O IEP pagou em excesso à Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Advogados Ferreira <strong>de</strong> Almeida, Carlos Rocha e Associados<br />
a quantia <strong>de</strong> € 3 900,00, acrescida <strong>de</strong> 19% <strong>de</strong> IVA, ou seja, <strong>de</strong> € 4 641,00.<br />
96