18.08.2013 Views

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

passado no nível da referenciação da crise psíquica que provocaria ordi<strong>na</strong>riamente<br />

o abandono dos objetos do amor de si (homós) em proveito dos objetos do amor<br />

do outro (héteros). Conforme esse argumento, a homossexualidade seria o caso de<br />

indivíduos que não alcançariam, <strong>na</strong> sexualidade, o amor do objeto culturalizado<br />

– nem instintual, nem <strong>na</strong>rcísico – permanecendo no amor (primário) do igual, do<br />

mesmo (hómos). Por outro lado, a heterossexualidade seria o caso bem-sucedido<br />

da passagem de um estado a outro da escolha objetal no psiquismo, em que sairia<br />

ganhando a reprodução da espécie e a organização social huma<strong>na</strong>, baseada <strong>na</strong><br />

diferença entre os sexos. Daí porque a heterossexualidade corresponderia a uma<br />

sexualidade perfeitamente cultural, civilizatória, própria do ser da linguagem, e<br />

resultado de uma intervenção huma<strong>na</strong> (<strong>na</strong> forma do Édipo, do complexo de castração<br />

e quejandos), assi<strong>na</strong>lando o acesso do indivíduo à cultura, sob o império<br />

da Lei (do Pai) da diferença sexual. Para a ideologia (no discurso freudiano e<br />

no de seus seguidores), a homossexualidade estaria para a <strong>na</strong>tureza assim como a<br />

heterossexualidade estaria para a cultura?<br />

Ainda no modelo teórico das psicologias, a homossexualidade (masculi<strong>na</strong>)<br />

seria efeito de uma mensagem da mãe, recebida pelo filho, <strong>na</strong> rivalidade com o<br />

marido. Tratar-se-ia, assim, de um lado, da figura do pai que, desde a aurora dos<br />

tempos freudianos, é identificado com a lei, e, de outro, da figura da mãe, que<br />

seria uma mulher que nutriria uma queixa essencial em relação a essa lei, pois lei<br />

que parece dispensá-la da castração e do seu reconhecimento. Mãe, ela espera do<br />

seu filho uma vingança decisiva contra a instância demasiada injusta para fazê-la<br />

submissa e demasiado absurda para separar uma mãe de seu produto. Ora, como<br />

se sabe que esse pai não está aí senão por procuração – ele é o pai simbólico –, a<br />

mãe (do homossexual), nessa fábula, o que tem é um problema com a lei (do pai)<br />

e oferece ao filho uma alter<strong>na</strong>tiva de ser a outra versão – (per)versão? (sub)versão?<br />

– da lei do pai. A mãe, transferindo – inconsciente – o desejo de ser uma outra<br />

versão da lei do pai, deixa ao filho o combate a uma lei patriarcal que, introduzindo<br />

o pai no centro de tudo, também a subjuga e a oprime: “A mãe faz lei no lugar<br />

do pai”, “a mãe dita a lei ao pai” (LACAN, 9 7- 9 8 [ 999]). O homossexual<br />

seria aquele que, levado a negar a castração, termi<strong>na</strong>ria riscando do seu programa<br />

a diferença entre os sexos (observar que Freud já concluía pela mesma curiosa<br />

idéia em 9 – FREUD, 9 [ 97 : ]).<br />

Nos termos propostos por Jacques Lacan, em um de seus célebres Seminários,<br />

o homossexual seria aquele que conservaria uma “relação profunda e perpétua<br />

com a mãe”, manteria “identificação com a posição da mãe”, mãe diretiva, “que<br />

cuidou mais do filho que o pai” etc.<br />

106

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!