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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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A mãe que mostra ter sido a lei para o pai num momento decisivo...<br />

no momento que a intervenção proibidora do pai deveria<br />

ter introduzido o sujeito <strong>na</strong> fase de dissolução de sua relação<br />

com o objeto do desejo da mãe, e cortado pela raiz qualquer possibilidade<br />

de ele se identificar com o falo, o sujeito encontra <strong>na</strong><br />

estrutura da mãe, ao contrário, o suporte, o reforço... que faz com<br />

que essa crise não ocorra (LACAN, 9 7- 9 8 [ 999: ]).<br />

Não identificados com a posição do pai, os homossexuais conservariam para<br />

sempre – “não são curados” (ibid.: 4) – um “medo pavoroso de ver o órgão da mulher<br />

[...], pela suposição de que a vagi<strong>na</strong> [perigosa] ingeriu o falo do pai: [...] o que<br />

é temido <strong>na</strong> penetração [homem/homossexual – mulher] é justamente o encontro<br />

com esse falo” (ibid.: 8). Mais ainda:<br />

[...] a exigência do homossexual de encontrar em seu parceiro<br />

o órgão peniano corresponde precisamente a que, <strong>na</strong> posição<br />

primitiva, aquela ocupada pela mãe que dita a lei ao pai, o que<br />

é questio<strong>na</strong>do – não resolvido, mas posto em questão – é saber<br />

se, <strong>na</strong> verdade, o pai tem ou não tem, e é exatamente [o homossexual<br />

exige] a seu parceiro, acima de qualquer outra coisa,<br />

e de um modo preponderante em relação às outras coisas<br />

(ibid.: 7).<br />

Tais eventos psíquicos constituem o homossexual como aquele que “agarra-se<br />

extremante à sua posição homossexual”, como aquele que tem “dificuldade de abalar<br />

sua posição” – é ler Lacan... e conferir (para todas as citações: LACAN, 9 7- 9 8<br />

[ 999: 4- 0]).<br />

Generalizações como estas ignoram a diversidade das culturas, a variabilidade<br />

das famílias, mesmo que ape<strong>na</strong>s no interior das sociedades ocidentais, assim como<br />

a amplitude, a variabilidade e o di<strong>na</strong>mismo das relações huma<strong>na</strong>s que engendram a<br />

biografia de cada indivíduo, incluindo aí a sua sexualidade – esta seguramente não<br />

sendo construída ape<strong>na</strong>s pelas relações que se produzem no microcosmo familiar e<br />

<strong>na</strong> infância. Acrescente-se, igualmente: as generalizações de um tal modelo teórico<br />

(que se pretende validado pela clínica) tor<strong>na</strong>m-se responsáveis pela reificação do<br />

preconceito, ao traduzirem, mais uma vez, a homossexualidade como “problema”<br />

2 Já Malinowski (1927 [1973]) apontava críticas a Freud <strong>sobre</strong> as generalizações de sua teoria, embora críticas<br />

consideradas ingênuas por estudos posteriores – entre outros, Duvereux (1972), Ortigues e Ortigues (1989).<br />

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