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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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gravitando, porém, entre a acepção de “anormalidade” ou “inferioridade” apontada<br />

por uma facção, e a de “normalidade” ou “<strong>na</strong>turalidade” defendida por outra.<br />

No Brasil, os movimentos de organizações homossexuais inicialmente tiveram<br />

uma trajetória um tanto lenta e custaram a ganhar certa visibilidade, se compararmos<br />

com os de outros países como os Estados Unidos e a Inglaterra. No fi<strong>na</strong>l dos anos<br />

de 9 0, após duas décadas em que se testemunhou certa tolerância em relação à<br />

homossexualidade e a determi<strong>na</strong>dos espaços de sociabilidade homossexual, algumas<br />

manifestações culturais começaram a aparecer (revistas, jor<strong>na</strong>is, teatros e músicas) e<br />

a mexer com a opinião pública. Porém, conforme estudos de James Green ( 000),<br />

as medidas repressivas do governo militar tiveram <strong>sobre</strong> elas um efeito desalentador.<br />

Segundo o pesquisador, existia <strong>na</strong> época toda “uma subcultura gay em formação<br />

e uma contracultura brotando que já começava a questio<strong>na</strong>r os papéis rígidos de<br />

masculinidade e feminilidade”. Tendo diante de si um crescente número de questões<br />

urgentes a encarar, a ditadura foi perdendo a batalha, “por suas próprias fraquezas e<br />

sua indiferença básica em relação à conduta privada” (ibid.: 400). O lento processo<br />

de “abertura política” repercutiu em todos os setores e em todas as iniciativas contrárias<br />

às normas vigentes. Nesse novo contexto, as organizações que congregavam<br />

grupos homossexuais que haviam <strong>sobre</strong>vivido praticamente <strong>na</strong> clandestinidade tiveram<br />

possibilidades de se reestabelecerem a partir de uma nova identidade “gay”<br />

que ganhava terreno (ibid.: 4 4). Ao lado disso, nos anos 80, à medida que novos<br />

movimentos sociais surgiam e forçavam os limites da “transição democrática”, a temática<br />

homossexual passava também a constituir questão de pesquisa acadêmica.<br />

Este fato, associado ao discurso que defendia a positividade da homossexualidade,<br />

gradativamente favoreceu a construção de novas mentalidades relacio<strong>na</strong>das à questão.<br />

Obras importantes <strong>sobre</strong> o tema foram elaboradas a partir de então, dentre as<br />

quais destacamos Para inglês ver, de Peter Fry, publicado em 98 , e O negócio do<br />

michê: prostituição viril em São Paulo, de Néstor Perlongher, em 987.<br />

A maior visibilidade do movimento de gays e lésbicas insinuava-se <strong>na</strong> sociedade<br />

e as reações já não se caracterizaram de forma tão homofóbica quanto antes. No<br />

entanto, como denuncia Green (ibid.) <strong>na</strong> sua pesquisa <strong>sobre</strong> a história da homossexualidade<br />

no Brasil, 7 embora a homossexualidade masculi<strong>na</strong> tivesse acesso ao espaço<br />

público, para as mulheres essa era uma situação inviável. Segundo nos <strong>na</strong>rra o pesquisador,<br />

as lésbicas não poderiam sequer se encontrar <strong>na</strong> rua. Aquelas que tinham<br />

melhor condição econômica organizavam festas e reuniões em suas próprias casas,<br />

e as mais pobres masculinizavam-se para conquistar seu espaço e impor-se <strong>na</strong> sua<br />

7 Ver também GATTI, 2000.<br />

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